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Breno Altman

Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel

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Adeus a Paulo Frateschi

Homens como Paulo Frateschi mostraram que a dignidade pode ser uma forma de militância

Paulo Frateschi (Foto: Reprodução X)

Despedir-me de Paulo Frateschi é uma tarefa que machuca o coração e convoca a memória.

Falar dele é evocar uma geração que acreditou, com todas as forças, que o Brasil podia ser justo, livre e solidário.

Nascido em 1950, Paulo cresceu sob o peso da ditadura e escolheu, sem hesitar, o caminho da resistência.

Foi militante, organizador e intelectual orgânico da esquerda brasileira — daqueles que nunca separaram a teoria da prática, a coragem do afeto, a luta do companheirismo.

Nos anos mais duros do regime militar, Paulo foi presença firme e generosa nas trincheiras da resistência democrática. Soube enfrentar o medo, o isolamento e a perseguição com serenidade e firmeza, guiado por uma ética de compromisso que marcou toda a sua vida.

Quando o país despertou para a redemocratização, ele foi um dos que souberam transformar a esperança em projeto político, ajudando a erguer, tijolo por tijolo, o Partido dos Trabalhadores como instrumento histórico das forças populares.

Paulo acreditava que a política era, antes de tudo, uma pedagogia da emancipação. Ensinou com paciência, discutiu com paixão, ouviu com humildade.

Foi um formador de gerações, um dirigente que via mais longe, um camarada que jamais abandonou a ternura. Sua vida foi uma escola de coerência, e sua partida nos desafia a estar à altura desse legado.

Hoje, o Brasil que ele sonhou continua em disputa. Mas se há esperança, é porque homens como Paulo Frateschi mostraram que a dignidade pode ser uma forma de militância.

Ele partiu, mas sua voz, sua doçura combativa, seu exemplo permanecerão conosco — lembrando-nos de que a luta vale a pena, mesmo quando o horizonte parece distante.

Adeus, querido Paulo. Seguiremos teu caminho com a mesma fé na humanidade que iluminou toda a tua vida.

Paulo Frateschi presente, hoje e sempre!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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