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Juca Simonard

Jornalista, tradutor e professor de francês. Trabalhou como redator e editor do Diário Causa Operária entre 2018 e 2019. Auxiliar na edição de revistas, panfletos e jornais impressos do PCO, e também do jornal A Luta Contra o Golpe (tabloide unificado dos comitês pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro).

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Barroso diz que Judiciário não será protagonista contra fake news e mostra que briga do STF contra Bolsonaro era fachada

Não existe golpista democrático. As lutas entre si, mesmo que disfarçadas sob “defesa da democracia”, são apenas por interesses políticos. Isso vale tanto para o Judiciário, quanto para aqueles que defendem um frente com tucanos e outros bolsonaristas supostamente arrependidos

(Foto: Nelson Jr./STF | Wilson Dias/Agência Brasil)
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*Por Juca Simonard

Com a discussão dentro da esquerda da formação de uma frente ampla com setores que lideraram o golpe de Estado, surgiu a ilusão de que uma parcela dos golpistas é democrática e antibolsonarista e que seria necessário se aliar com eles para derrotar Jair Bolsonaro. Desta forma, acreditando nessa enganação - dos golpistas democratas - muita gente passou a admirar o Judiciário, que prendeu Lula, por conta de uma suposta luta para derrotar o bolsonarismo.

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Uma das frentes do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o bolsonarismo é justamente no inquérito das fake news, que permitiu a prisão de diversos ativistas bolsonaristas, como Sara Winter. Entretanto, nesta segunda-feira, 27, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que o “Judiciário não tem condição de ser protagonista no enfrentamento das fake news”.Ele ainda declarou ser uma “ilusão” crer que o Poder assuma essa posição.

Com Bolsonaro se aliando ao Centrão e aos poderes em uma articulação para acalmar os ânimos que dominaram o cenário político nacional no início deste ano, a declaração de Barroso parece fazer parte deste mesmo processo, uma vez que afirma que o Judiciário não deve ter “protagonismo” em uma das principais frentes que usam contra Bolsonaro. 

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Desta forma, isso indica a fachada que era a suposta oposição do STF ao bolsonarismo. Na mesma linha, mostra que os setores que acreditaram na “democracia” de uma parcela dos golpistas estavam profundamente iludidos pela guerra de interesses entre o bloco direitista.

O STF não é democrático, pois assumiu um papel de liderança no golpe de Estado, e nem é contra o bolsonarismo. Pelo contrário, foi ele que permitiu a vitória de Bolsonaro nas eleições ao garantir a prisão de Lula. As ações do tribunal contra a extrema-direita parecem ter sido uma forma de manter a estabilidade do bloco golpista, controlando os verdadeiros cachorros loucos que são Bolsonaro e seus adeptos, para não provocar um aprofundamento da crise política do próprio golpe.

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Veja bem, a medida mais dura do Judiciário contra Bolsonaro, até agora, foi a prisão de Fabrício Queiroz - ex-assessor da Flávio Bolsonaro investigado em esquema de lavagem de dinheiro. Porém, como vemos, ele está em prisão domiciliar à mando do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que quase nunca concede esse benefício para outros presos - o que demonstra um interesse político em enviar Queiroz para casa. A prisão do amigo do clã Bolsonaro e sua liberação, em seguida, bate temporalmente com a mesma época em que se começou a estancar os conflitos entre o Planalto e os outros Poderes.

Isso esclarece os objetivos dos golpistas “democráticos” no País: não querem se opor a Bolsonaro, apenas colocá-lo “na linha”. Ou seja, todas as críticas e as medidas tomadas contra o fascista, que supostamente seriam em defesa da democracia, na verdade são os artifícios de sempre da política burguesa para chantagear alguém e fazê-lo seguir a linha política mais tradicional, eliminando os efeitos indesejados, como os olavistas e os propagandistas malucos do bolsonarismo.

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No caso do inquérito das fake news, não foi um grande ataque, então nem entrarei a fundo neste assunto, mas lembremos que Sara Winter foi solta também. 

Sobre o fechamento de contas bolsonaristas nas redes sociais na sexta-feira, 27, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, parece fazer parte deste mesmo processo: manter Bolsonaro “na linha” enquanto limpa o cenário dos elementos desagradáveis.
Essa política pode ser relacionada às mudanças que estão sendo feitas no Legislativo e nos ministérios do governo federal. Sai Weintraub, que brigava com o Centrão, e entra o pastor Milton Ribeiro (que é tão fascista quanto) na Educação. O novo ministro demitiu assessores do MEC ligados ao guru Olavo de Carvalho. Da mesma forma, após a votação do Fundeb, Bia Kicis foi demitida do cargo de vice-líder do governo na Câmara.

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É uma limpa, no caso. Uma forma de manter o governo Bolsonaro aceitável para setores da burguesia, que já estavam começando a ficar insatisfeitos, e tentar reduzir a crise política entre o bloco de direita, que favorece a esquerda (caso houvesse uma política efetiva das lideranças para derrotar o golpe). Devo lembrar que Bolsonaro não era o candidato oficial da burguesia tradicional, que é tucana. Ele foi um improviso diante da impopularidade de partidos como o PSDB para garantir que o PT fosse derrotado nas eleições.

Portanto, a conclusão é: não existe golpista democrático. As lutas entre si, mesmo que disfarçadas sob “defesa da democracia”, são apenas por interesses políticos. Isso vale tanto para o Judiciário, quanto para aqueles que defendem um frente com tucanos e outros bolsonaristas supostamente arrependidos.

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