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Juca Simonard

Jornalista, tradutor e professor de francês. Trabalhou como redator e editor do Diário Causa Operária entre 2018 e 2019. Auxiliar na edição de revistas, panfletos e jornais impressos do PCO, e também do jornal A Luta Contra o Golpe (tabloide unificado dos comitês pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro).

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Ciro Gomes, o Cavalo de Tróia na esquerda

A tática de Ciro Gomes é infiltrar a esquerda para sabotar qualquer campanha em torno da luta contra o golpe. Para isso, é preciso isolar Lula e o PT

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)
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Por Juca Simonard

É impressionante como, após toda a campanha venal da oligarquia Ferreira Gomes para manter a campanha do golpe, a esquerda consiga ver algo progressista na suposta reaproximação do PT com Ciro Gomes. O pedetista focou, nos úlitmos anos, em atacar o PT (objetivamente, o lulismo), caluniar a imprensa de esquerda (como 247 e DCM) e fazer propaganda de uma frente ampla com setores da direita golpista, como DEM e PSDB.

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É um político burguês tradicional, oportunista e de origem tucana, que mantém o controle do Ceará tal qual um oligarca, e que usa a legenda do PDT para cumprir uma função muito específica: ser o Cavalo de Tróia dentro da esquerda. 

Diante da toda a propaganda da imprensa capitalista em torno de seu nome - que seria importante para os “progressistas” - o movimento operário e popular já deveria olhar com maus olhos para ele.

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A forma como a Globo retratou a reunião entre Lula e Ciro mostra bem qual a política que a direita quer para os setores que lutam contra o golpe. Para a imprensa golpista, a esquerda deveria esquecer tudo o que ocorreu no País nos últimos 10 anos para se unificar com os setores que permitiram a ascensão da extrema-direita bolsonarista e permitem que Jair Bolsonaro governe sem uma oposição real nas ruas.

Vale lembrar um pouco do histórico de Ciro. Suposto aliado de esquerda nas eleições de 2018, o oligarca cumpriu um papel muito claro durante o pleito: retirar votos do PT e sabotar sua campanha. Todos devem lembrar que seu irmão, o senador Cid Gomes, foi a um comício petista no Ceará e popularizou a frase “Lula está preso, babaca”, em um momento em que a propaganda eleitoral da esquerda deveria focar na luta pela liberdade de Lula.

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No segundo turno, Ciro fugiu para a Europa para justificar o fato de que não faria campanha em torno de Haddad. Por mais que a candidatura de Haddad significasse um retrocesso na luta contra o golpe, já que a esquerda deveria ter mantido Lula, a omissão do pedetista nada teve a ver com a campanha “Sem Lula é Fraude” levada pelo movimento.

Ele, um político tradicional, em um partido com parlamentares, vê nas eleições a solução para todos os problemas. Portanto, é no mínimo estranho que Ciro não tenha despendido forças para eleger Haddad. Fica claro, para qualquer um com um mínimo de conhecimento político, que ele não se preocupou em estimular a campanha do PT justamente porque seu objetivo nas eleições era impedir a vitória do petismo - uma forma de consolidar o golpe. 

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Entretanto, sua tática de infiltrar a esquerda para sabotá-la teria ido por água abaixo se tivesse declarado apoio a Bolsonaro. Por isso, foi para a Europa e se omitiu.

Em seguida, com Bolsonaro já no poder, Ciro foi um dos principais responsáveis para impedir a mobilização imediata contra o governo fraudulento. Para ele, era preciso “esperar 100 dias” para se ter algum tipo de oposição ao bolsonarismo. Sem falar que tirou 2019 e 2020 para atacar a esquerda. Calinuou portais progressistas, como Brasil 247 e DCM, e culpou o PT pela vitória de Bolsonaro em 2018. Para não passar batido, ele também chegou a elogiar a “celeridade” da operação Lava Jato.

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Aqui, não se trata de achar que o PT não pode ser criticado, mas entender o caráter destas “críticas”. Ciro, por exemplo, não criticou o PT por não ser efetivo na luta contra o golpe, tratou simplesmente de caluniar o partido para defender uma frente ampla pela manutenção do golpe. Uma frente ampla com Rodrigo Maia, FHC, ACM Neto e outros bandidos da política nacional.

Isolar e sabotar o PT e o movimento contra o golpe

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A questão do PT e de Lula (principalmente) é chave para os golpistas. Para a direita, é preciso impedir o avanço do lulismo, que tem base nas grandes massas populares brasileiras. Por isso, o setor majoritário do golpe trata de impulsionar diversas candidaturas para servirem de “alternativa ao petismo” através da imprensa venal. Jornalistas golpistas como Ascânio Seleme (Globo) e Vera Magalhães (Estado de S.Paulo), junto com o jornal Folha de S.Paulo, deixam um recado claro: a esquerda precisa superar Lula e defender uma “nova liderança”. Como se um “nova liderança” surgisse por meio de uma campanha de marketing. 

Esclarecendo: Lula é o principal líder popular do Brasil justamente porque surgiu no meio da luta e da mobilização operária - na época, contra a ditadura militar. É por isso que a direita cassa-o de seus direitos políticos e faz campanha pela sua “superação”, em busca de um “esquerdista” com boa aparência na classe média coxinha e sem influência na base das organizações de luta dos trabalhadores, como a CUT e o MST.

É nesse sentido que Vera, ao criticar um de meus artigos, disse que “vai ter frente ampla sem petista na cabeça, sim!”; para a direita manter o golpe, é preciso impedir a mobilização popular que surge em torno de Lula - mesmo que seja de um ponto de vista eleitoral - e eliminar o PT do cenário político. A frente ampla é importante para isso: isolar o PT.

Assim, a campanha favorável à reaproximação com o Cavalo de Tróia na esquerda é chave. Ciro é o instrumento da burguesia acionado para sabotar a esquerda e o movimento operário por dentro, juntando à sua base política de oportunistas e carreiristas, os setores mais retrógrados e conservadores da esquerda - uma classe média sem nenhum vínculo com os trabalhadores.

A suposta reaproximação com Ciro deve ser denunciada e não comemorada, pois apenas dificulta a luta para derrotar o fascismo e o golpe no Brasil. Por isso, a candidata do PT à prefeitura de Fortaleza, Luizianne Lins, assim com a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, fazem certo ao criticar o cirismo.

Longe de ser um político de esquerda, Ciro é apenas um oportunista. Iniciou sua carreira política no PDS (ex-Arena, partido da ditadura militar), foi para o MDB, o PSDB, o PPS, o PSB, o PROS e agora se encontra no PDT, que longe de ser o partido nacional-desenvolvimentista criado por Leonel Brizola, agora é apenas um antro de políticos direitistas que aproveitam o histórico da legenda para conquistar uma parcela da esquerda mais conservadora.

Ciro será um agente dentro da esquerda para manter o movimento operário e popular “bem comportado”, agindo dentro dos limites institucionais, sem denunciar o golpe e sem mobilizar efetivamente contra o fascismo.

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