Dia Nacional da Cultura: o Centro Cultural Cauby Peixoto e o fortalecimento da democracia cultural na Zona Norte
Ocupar a cidade com cultura é também contribuir com a melhoria da segurança, reduzir desigualdades e ampliar horizontes de vida
Hoje, no Dia Nacional da Cultura, celebramos um avanço que diz muito sobre o projeto de cidade que queremos construir. O Centro Cultural Cauby Peixoto, que será inaugurado no Fonseca, na Alameda São Boaventura, como o primeiro centro cultural público da Zona Norte, representa mais do que a abertura de um equipamento: representa a afirmação da democracia cultural como fundamento da vida coletiva em Niterói.
A cultura não é acessório nem privilégio. Cultura é cidadania, é direito. É a maneira como um povo se reconhece, produz sentido, constrói laços e imagina o futuro. Se a democracia se sustenta na participação, no diálogo e na pluralidade, a democracia cultural se sustenta na presença real do direito às artes, à memória, à criação e ao encontro nos territórios.
E a Zona Norte sempre foi território de cultura viva. Aqui nunca faltou criação, potência ou expressão. O que faltava era o reconhecimento público dessa força, por meio de políticas, espaços, recursos e continuidade. É isso que este centro cultural representa: a cidade assumindo, com clareza, que todas as regiões têm valor simbólico, têm história, têm voz e têm direito de existir culturalmente em plenitude. E, agora, um espaço físico dedicado para a vida cultural local.
Durante meus mandatos como vereador e também à frente da Secretaria das Culturas, essa foi uma pauta constante e central. Não por convicção individual, mas porque essa demanda emergia com nitidez das rodas culturais, das escolas de samba, das igrejas, dos coletivos, das esquinas, dos saraus, das festas de rua, das batalhas de poesia, dos grupos de bairro. A cultura fala quando o território fala. E foi ouvindo o território que construímos esse caminho.
A consulta pública realizada em 2022 foi um momento decisivo. Ali ficou evidente que o centro cultural deveria ser casa de formação, de memória e de encontro. Daí surgiram diretrizes como inclusão, acessibilidade, acolhimento das culturas do território e participação social permanente em sua gestão. Democracia cultural se faz com escuta, compartilhamento e corresponsabilidade.
De um casarão abandonado, estamos devolvendo à cidade um patrimônio vivo. De uma ruína, estamos fazendo lugar de criação. De uma ausência, estamos fazendo presença pública. O Centro Cultural Cauby Peixoto terá salas expositivas, salas multiuso, coworking, sala de ensaio, auditório, um teatro com 240 lugares e um bistrô pensado como espaço de convivência e diálogo. Mas o mais importante é o que isso permite: troca, pertencimento, circulação de saberes, fortalecimento da juventude, reconhecimento das memórias, criação de novos sentidos de futuro.
Ocupar a cidade com cultura é também contribuir com a melhoria da segurança, reduzir desigualdades e ampliar horizontes de vida. A cultura organiza a comunidade, fortalece vínculos e abre possibilidades. E é isso que transforma.
Esse sonho não é meu. É nosso. É da Zona Norte.É de Niterói que acredita em si. No dia 22 de novembro, aniversário da cidade, vamos abrir as portas do Centro Cultural Cauby Peixoto. Que seja um dia de celebração e, sobretudo, de continuidade. Porque cultura é movimento. E a democracia cultural se faz todos os dias. Viva cultura!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.



