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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.

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Folha te ensina a economizar no gás enquanto a Petrobrás aumenta combustíveis e vende gasoduto

"A Folha é um dos agentes mais notórios na romantização da pobreza e da miséria que ocorre no Brasil desde o golpe de 2016", escreve o jornalista Aquiles Lins

(Foto: Reuters | Reprodução)
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Por Aquiles Lins 

A mídia corporativa brasileira tem ampla experiência na manipulação de fatos para retratar a realidade do modo que atenda a seus próprios interesses e/ou de seus controladores. Nos últimos anos, assistimos aos principais veículos de comunicação do país agir diretamente em favor do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, da operação Lava Jato, da condenação e prisão do ex-presidente Lula, da política de preços da Petrobrás. Para atender ao apetite liberal sobre o que ainda resta do país, os jornais, TVs, veículos de internet e todo o ecossistema midiático corporativo ora retratam um Brasil com pleno emprego como um país caótico e sem governo, ora retratam a pobreza e a miséria de maneira menos cruel do que ela se apresenta.

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O jornal Folha de S. Paulo é um dos agentes mais notórios do país na romantização da pobreza e da miséria. Dois dias depois de ensinar os brasileiros a economizar combustível, o jornal publicou nesta terça-feira (14) mais uma matéria em que instrui o leitor, a leitora, sobre como economizar gás de cozinha, depois do tarifaço da Petrobrás que aumentou o gás em 16,1%, a gasolina em 18,8% e o diesel em 25%.

"As recomendações para economizar podem ser resumidas em três: fazer a manutenção do fogão, usar equipamentos mais eficientes e adotar técnicas que aproveitam melhor o calor da chama. No entanto, elas se desdobram em ao menos 11 dicas, conforme orientação de especialistas", diz a reportagem. 

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Neste ano de 2022, depois de dois anos de governo Michel Temer e quatro de Jair Bolsonaro, o Brasil tem ao menos 19 milhões de pessoas que passam fome e 55% da população não tem segurança alimentar garantida. O desemprego atinge 12 milhões de brasileiros e trabalhadores por conta própria são incríveis 26 milhões de pessoas. 

Neste período, a Petrobrás, alvo da Lava Jato, foi sendo gradativamente enfraquecida, reduzida, repartida, esquartejada, vendendo ativos e estruturas-chave que a faziam ser uma empresa que ia do poço ao posto. A Folha não apenas ignora editorialmente esta realidade como teve agência sobre os eventos. É apenas uma demonstração mais de que o interesse da Folha não é o do povo brasileiro. 

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Enquanto o leitor, que já chegou a pagar R$ 150 no botijão de gás, “aprende” a economizar no gás - ou melhor, se conforma com a realidade opressora que se impõe para alimentar a acumulação selvagem do capital, a Petrobrás segue seu processo de automutilação e finaliza negociações com a empresa EIG Global Energy Partners para entregar o controle sobre o gasoduto Bolívia-Brasil. A rede de transporte tem aproximadamente 2.600 quilômetros e capacidade de transportar até 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Sem falar que em 2019, a Petrobrás já havia vendido a Transportadora Associada de Gás (TAG), que opera principalmente no Nordeste. 

Revestido de um verniz de serviço de utilidade pública, a Folha não está dando dicas sobre o melhor aproveitamento do botijão de gás, mas sim forjando um falso consenso de que é preciso de conformar com esta realidade selvagemente desigual, que vem empobrecendo e matando brasileiros muito antes da guerra na Ucrânia. 

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