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Eduardo Guimarães

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Por que a esquerda encolhe a cada ano

A fragmentação da esquerda, erros estratégicos e o avanço da extrema-direita desde 2013 ajudam a explicar a perda contínua de espaço político no país

Rio de Janeiro (RJ) - 14/12/2025 - Manifestantes fazem ato na orla de Copacabana contra PL da Dosimetria e outros temas em votação no congresso nacional (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

Se se fizer a pergunta que intitula estas considerações àqueles que acham que defender o Supremo é “efeito manada” ou “fetiche”, ouvirá que é porque a esquerda que venceu quatro eleições presidenciais não é mais contra “tudo isso que está aí”.

A esquerda que a direita ama e da qual precisa desesperadamente para sobreviver reapareceu a tempo de coonestar a teoria maluca de que Bolsonaro sofreu uma condenação injusta e sem provas por parte de um vigarista que posa de idealista mas só quer mesmo é ficar rico. 

A esquerda que a direita ama serviu alegremente à Lava Jato, por exemplo, quando Luciana Genro, do PSOL gaúcho, chamou Sergio Moro de herói enquanto se prestava, ao longo dos governos Lula e Dilma, a aparecer no Jornal Nacional papagaiando o PSDB. 

A esquerda que a direita venera e incensa em altares nada esquerdistas levou centenas de milhares às ruas em junho de 2013 e, dois anos e tanto depois, Dilma foi derrubada com base na maior farsa política desde a redemocratização. 

É a mesma esquerda que garantia que Kamala Harris e Donald Trump eram a mesma coisa e que a Venezuela, ora cercada pela maior força naval da história do Caribe, estaria segura em um governo do amarelão. 

Política depende de olhar e enxergar, ouvir e escutar. Se você tiver vozes na cabeça sussurrando bordões pseudorrevolucionários, não conseguirá enxergar um palmo diante do nariz e/ou ouvir o canto tonitruante dos clarins do fascismo. 

Alexandre de Moraes não faria melhor por suas finanças se pulasse fora da ação penal 2668 e não liderasse o Tribunal para que, pela primeira vez na história, generais se sentassem no banco dos réus e fossem punidos com CADEIA? 

Combina com um dinheirista -- como querem pintá-lo – passar pela dor de ver sua família ser ameaçada de sofrer torturas hediondas e mortes excruciantes e, ainda assim, persistir na persecução do interesse público de ver punidos os que tentaram instalar uma ditadura no Brasil?

Combina com um traficante de influência sedento por riquezas ser ameaçado de morte financeira pela maior superpotência que a humanidade já viu e, ainda assim, não hesitar nem por um milionésimo de segundo em desafiá-la?

A desmoralização de Moraes e, depois, a de Flávio Dino interessam aos deputados, senadores, prefeitos e governadores de extrema-direita que mantêm negócios com o PCC e CV e que exaltam milícias assassinas, travestidas de polícias, quando dizimam negros pobres nas periferias. 

Se Moraes for desmoralizado, a maioria do STF também será. E se isso acontecer, a extrema-direita ressurgirá no âmbito de um novo Supremo, agora ajoelhado e cabisbaixo perante o altar infame dos “Cidadãos de Bem”. 

Acaba de ser publicada pesquisa Datafolha que revela quanto espaço a esquerda perdeu desde junho de 2013, quando teses análogas a “efeito manada” e “fetichismo” estenderam o tapete vermelho para toda sorte de tarados de extrema-direita.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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