Rio de Janeiro e os bons companheiros
Quais informações estarão disponíveis no celular de Rodrigo Bacellar que colocam em perigo vários políticos
Inacreditável que o Rio de Janeiro é o estado onde mais habita políticos ligados às milícias, à corrupção, tráfico de drogas, contravenção e lavagem de dinheiro no Brasil. O fato do presidente da ALERJ dizer que "Não estou aqui para entregar colega, nem para proteger", estremece o mundo político e coloca vários graúdos com nervos a flor da pele. Quais informações estarão disponíveis no celular de Rodrigo Bacellar que colocam em perigo vários políticos e sujam cada vez mais o nome do Rio de Janeiro.
O Brasil sempre teve um grande histórico de proteger os ricos e poderosos, até o movimento de encarcerar os responsáveis pelo golpe no país, inclusive Jair Bolsonaro. A controvérsia é antiga. Os ricos dizem que não vão para a cadeia porque as cadeias são ruins. Ou será que as cadeias são ruins porque rico não vai preso? Com certeza, tendo a elite frequentando as nossas instalações carcerárias, haveria mudanças.
A Polícia Federal tem provas de que haveria conexões entre Bacellar e o Comando Vermelho, vazando informações das operações que estavam acontecendo contra o crime organizado no Rio. A máfia italiana também deixou a violência urbana, para levar seus negócios para a política. Desde 1860, a máfia italiana surgiu junto com o poder do Estado. A Cosa Nostra funcionava como uma empresa com códigos e regras. Um Estado paralelo tal qual funciona o crime organizado e milícias no Rio de Janeiro. A Cosa Nostra matou mais de 2 mil pessoas na Sicília e dominava o comércio e as estruturas da política. Com o endurecimento das leis, a Cosa Nostra mudou a sua forma de agir, trabalhando mais na ação política e no sistema financeiro, buscando mudar as leis para benefício próprio.
A invasão de bolsonaristas em todas as áreas através do governo do ex-presidente para solidificar as ações dos interesses do grupo, faz com que a Câmara Federal suspenda o processo criminal contra Ramagem e Gayer e a Alerj revoga prisão preventiva de Bacelar, que foi determinada pelo STF.
É inadmissível soltar um deputado ligado ao crime organizado, tendo inclusive o governador Cláudio Castro atuando para a soltura. Lembrando que Bacelar foi o relator do impeachment do governador Witzel e colocou o atual governador no poder e em troca colocou Bacelar na presidência da ALERJ. Mesmo com a restrição de tornozeleira eletrônica, um presidente da ALERJ que teve apoio unanime na sua eleição, pode costurar alianças para que se abafe a situação. Lembrando que o partido de Bacelar, União Brasil, tem Antônio Rueda (acusado de ser o dono oculto dos jatos para transportar elementos do PCC) que junto com Ciro Nogueira atuaram para que o Banco de Brasília comprasse o banco Master, de Daniel Vorcaro. Lembrando que sai à tona, que o advogado do banco Master, Augusto Arruda Botelho viajou com o Ministro Dias Toffoli, que mandou ter sigilo nas investigações.
Ainda tem os 91 mil reais em dinheiro vivo apreendidos com Bacelar. Para que seriam usados, já que preferiu o silêncio? Para a Polícia Federal, geralmente a posse de altas quantias de dinheiro em espécie por um político, se não tiver origem lícita, é um forte indício de atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, corrupção, fraude ou crime. A privatização do estado do Rio de Janeiro por famílias, crime organizado e milícias é um escárnio para um dos estados mais bonitos do mundo. Os mesmos que mandam soltar Bacelar são os semelhantes de partido que querem soltar Domingos Brazão que mandou matar Marielle, que mantém os cargos da foragida e presa na Itália, Carla Zambelli e o Eduardo Bolsonaro nos EUA, além de pautar e votar um projeto de lei que reduz as penas para os envolvidos na trama golpista.
Muita coisa pode acontecer sobre o caso ou ter um grande abafa, mas enquanto não houver um enfrentamento na elite do crime, nada vai mudar. Quando a cúpula do escândalo de Watergate foram condenados, a revista de humor National Lampoon, fez uma história em quadrinhos chamado “Diário da Sra. Agnew” que era um diário íntimo da esposa de Richard Nixon. Em um certo momento, criaram um motim no refeitório pedindo:
- Montrachet! Montrachet!
É engraçado, mas a verdade é que estavam presos. E por aqui?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




