STF encerra julgamentos do golpe e mira emendas, crime organizado e filhos de Bolsonaro para 2026
Eduardo e Carlos Bolsonaro respondem a processos no Supremo
247 - O Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para redirecionar sua agenda após concluir, nesta semana, o julgamento do último núcleo da trama golpista. Reportagem do jornal O Globo detalha a transição para uma nova etapa de análises e processos que envolvem desde suspeitas de desvios de emendas parlamentares até investigações relacionadas ao crime organizado no Rio de Janeiro.
Embora a Corte avance para temas distintos, permanecem na pauta desdobramentos do caso que envolveu Jair Bolsonaro (PL) e que podem atingir seus filhos, já investigados em frentes diferentes.
O primeiro grande julgamento de 2026 foi marcado para o fim de fevereiro: a ação penal sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), que terá como réus o ex-deputado Chiquinho Brazão, o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa e outros dois acusados. Todos negam envolvimento no crime. A análise já estava pronta desde junho, mas aguardava a conclusão dos julgamentos dos quatro núcleos da trama golpista pela Primeira Turma do STF, entre eles o que condenou Bolsonaro.
O caso tem como relator o ministro Alexandre de Moraes, que na semana passada determinou a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União Brasil), em outra investigação. Na decisão, Moraes indicou que sua apuração deve avançar para compreender a “infiltração política” do crime organizado no estado. Ele conduz o inquérito derivado da ADPF das Favelas, que investiga justamente a atuação de grupos criminosos no Rio e pode gerar novos desdobramentos.
Outro processo pronto para julgamento envolve suspeitas de “comercialização” de emendas parlamentares. São réus os deputados Josimar Maranhãozinho (MA) e Pastor Gil (MA), além do suplente Bosco Costa (SE), todos do PL. Eles negam irregularidades. O relator, ministro Cristiano Zanin, já solicitou a inclusão do caso na pauta da Primeira Turma, o que deve ocorrer apenas no próximo ano. Trata-se da ação mais avançada no STF sobre desvios de emendas, embora outras investigações sigam em curso sob sigilo e já tenham levado a operações da Polícia Federal.
Paralelamente, a Corte ainda analisa consequências da trama golpista. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tornou-se réu por coação devido à sua atuação nos Estados Unidos em busca de sanções contra autoridades brasileiras. O julgamento do mérito deve ocorrer em 2026. Em suas redes sociais, ele afirmou que não atuou pela absolvição do pai, mas pela aprovação de anistia no Congresso, e classificou a atuação do STF como política.
O influenciador Paulo Figueiredo Filho, denunciado em duas ações — uma delas junto com Eduardo —, não foi notificado porque reside nos Estados Unidos. Ele declarou que a acusação é “fajuta” e fruto de “perseguição política”. Eduardo também está nos Estados Unidos, mas a notificação foi possível por meio de publicação no Diário de Justiça.
Outro filho do ex-presidente também é alvo de apurações. O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) foi indiciado pela Polícia Federal em junho por suposta participação em uma estrutura paralela na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No mesmo relatório, a PF apontou indícios de envolvimento do próprio Bolsonaro no esquema. O caso está sob análise da Procuradoria-Geral da República. Carlos nega qualquer elo com a investigação e afirmou que jamais solicitou ou recebeu informações de pessoas ligadas à Abin.



