MPF contesta Toffoli e diz que documento apreendido com Vorcaro não tem relação com venda do Banco Master ao BRB
Procuradoria pede que investigação permaneça na primeira instância
247 – O Ministério Público Federal (MPF) afirmou, em manifestação enviada à primeira instância da Justiça Federal de Brasília, que o documento encontrado na casa do banqueiro Daniel Vorcaro não tem qualquer relação com os fatos investigados no inquérito que apura a venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB). A informação foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo.
Segundo o Estadão, o papel apreendido tratava de uma transação imobiliária envolvendo o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA). A descoberta foi citada pela defesa de Vorcaro ao pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) assumisse o caso, o que levou o ministro Dias Toffoli a determinar que novas diligências fossem submetidas ao seu crivo.
MPF: investigação trata apenas de suspeitas de fraude na negociação de créditos
Na manifestação, a Procuradoria reforça que o inquérito em curso investiga supostos crimes cometidos por diretores e funcionários do Banco Master e do BRB, no contexto de negociações de carteiras de crédito ocorridas no primeiro semestre de 2025.
O órgão destaca que o documento apreendido “não tem qualquer relação com a investigação”. O MPF escreveu o seguinte trecho, citado pelo Estadão:
“Nesta operação, são apurados crimes supostamente cometidos por diretores e funcionários do Banco Master e do Banco Regional de Brasília – BRB, no contexto de negociação de carteiras de crédito entre eles, com indícios de fraude, ocorridos por volta do primeiro semestre de 2025. (…) Dessa forma, o documento encontrado na residência do investigado, com referência a deputado federal do estado da Bahia, não tem qualquer relação com a investigação.”
A transação mencionada no documento tratava da compra de um imóvel em Trancoso (BA), avaliado em R$ 250 milhões, por uma empresa ligada ao deputado Bacelar.
MPF pediu que caso permanecesse na primeira instância
A Procuradoria também sustentou que, se houvesse qualquer indício criminal envolvendo o parlamentar, o documento deveria ser retirado dos autos e enviado isoladamente ao STF, já que o tema não diz respeito ao objeto central do inquérito.
A manifestação foi apresentada para que a 10ª Vara Federal de Brasília reconsiderasse a decisão que suspendeu totalmente as investigações e remeteu o caso ao Supremo. Para o MPF, o entendimento contrariava o próprio despacho de Toffoli, que não havia retirado o inquérito da competência da Justiça Federal.
O órgão escreveu que a decisão de primeiro grau apresentava “graves obscuridades e contradições, capazes de criar tumulto processual”.
Juiz mantém envio do caso ao STF e paralisa investigações
O juiz Antônio Cláudio Macedo, que estava de plantão e substituía o magistrado responsável pelo caso, Ricardo Leite, negou o pedido do MPF e decidiu manter o envio integral do processo ao Supremo.
Com isso, a investigação permanece paralisada até que Dias Toffoli defina o foro competente.
Segundo o Estadão, o ministro deverá remeter o processo à equipe do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Até a tarde desta segunda-feira (8), isso ainda não havia ocorrido.
Viagem de Toffoli em jatinho ligado ao caso volta ao centro do debate
A controvérsia ocorre em meio a críticas ao ministro Dias Toffoli após ele viajar para Lima (Peru) para assistir à final da Libertadores a bordo de um jatinho de um empresário, acompanhando o advogado de um dos diretores do Banco Master.
O episódio ampliou questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e alimentou pressões dentro e fora do Judiciário em torno da atuação do ministro no caso.



