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Ministros intensificam articulação no Senado para garantir votos a Jorge Messias

Esplanada mobiliza vice-presidente e ministros para reduzir resistências e viabilizar nome de Messias ao STF

Brasília (DF) - 08/05/2025 - O ministro Jorge Messias (AGU) (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

247 - A articulação para assegurar a aprovação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou novos contornos com a mobilização de integrantes do governo federal. Nas últimas semanas, ministros passaram a reforçar discretamente os contatos com senadores diante do avanço das resistências à indicação, relata o jornal O Globo.

A movimentação envolve nomes centrais do governo Lula (PT), como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), além dos ministros Fernando Haddad (PT), Wellington Dias (PT), Paulo Teixeira (PT) e Simone Tebet (MDB). Eles têm buscado parlamentares em conversas telefônicas e reuniões reservadas para defender o percurso jurídico de Messias e argumentar que sua presença no STF contribuirá para o equilíbrio da Corte.

O grupo atua especialmente junto a setores do Centrão e da direita, onde se concentram as maiores resistências. Um dos fatores que alimentam o ambiente adverso no Senado é o temor de que Messias, caso aprovado, reproduza a postura do ministro Flávio Dino, cuja atuação em ações sobre transparência nas emendas parlamentares gerou forte irritação entre congressistas. Integrantes do governo têm insistido que esse receio é infundado e destacam o perfil considerado flexível do advogado-geral da União, que preferiu não comentar o assunto.

Haddad tem procurado senadores com quem construiu relação durante debates de pautas econômicas, enquanto Tebet concentra esforços na bancada do MDB. Alckmin, discretamente, busca diálogo com os quatro senadores do PSB. 

Em meio à tensão, Wellington Dias avalia que o clima no Senado começa a se estabilizar. “A temperatura está baixando. Um ponto positivo é que todos têm grande respeito e reconhecem seu preparo para a missão”, afirmou o ministro.

O adiamento da sabatina, inicialmente prevista para esta semana, foi recebido como um movimento favorável pelo núcleo político do governo. A avaliação é de que o intervalo permitirá uma conversa menos tensa entre Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cuja relação azedou após a escolha de Messias. Alcolumbre defendia a indicação do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o que gerou insatisfação no grupo político que o cerca. O episódio se agravou com o rompimento do senador com o líder do governo, Jaques Wagner (PT), após não ter sido informado previamente sobre a data em que o presidente formalizaria a indicação.

A suspensão da sabatina ocorreu enquanto Messias estava no gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM). Segundo o parlamentar, o advogado-geral da União ouviu a leitura da decisão sem expressar reação. Aziz também enfatizou que a resistência não tem caráter pessoal, mas político.

Paulo Teixeira reforça essa leitura ao afirmar que o impasse decorre do ambiente conturbado no Senado. “Ninguém critica a formação do Messias. O que existe hoje é problema no ambiente político. Há uma agitação que precisa ser superada”, avaliou o ministro.

A articulação continuará nos próximos dias, enquanto governo e Senado tentam reconstruir pontes para viabilizar a votação do nome de Jorge Messias.

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