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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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Se ela não gosta de você

O fim do relacionamento, do casamento, do namoro ou do “tico-tico no fubá”

Manifestação contra violência de gênero (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Brasil bate recordes em feminicídios – assassinatos de mulheres por seus parceiros. Vemos diariamente esses crimes hediondos diante da TV, no celular e muitas vezes próximos de nossas casas.  

A música Entre tapas e beijos, de Nilton Lamas, interpretada por Leandro e Leonardo, dramatiza um “amor doentio”, o que na verdade é uma paixão de sucessivos assédios e violências. Repercute uma sociedade mentalmente enfermiça, de homens vazios. Esse personagem vive no limiar de amante abandonado, indeciso e perdido. Homens que não sabem ser companheiros, amantes, ou ser somente amigos – o que não é menos que o amor. O contato essencial da amizade feminina é mais que do que se possa contar aos amigos do bar. Divorciados ou separados, não mais como cônjuges, podem conviver civilizadamente sem exasperar. Machistas dizem que não há amizade entre homem e mulher, pois há.

“...É preciso que haja um movimento nacional dos homens, contra os animais que batem, que judiam, que maltratam as mulheres", disse o presidente Lula e pontuou "um movimento de homens" contra os casos de feminicídios. Recentemente, o servidor público federal David Kozak Júnior, foi flagrado atacando uma mulher e uma criança. O presidente determinou a imediata abertura de processo interno para expulsão do agressor, coerente com a mensagem presidencial natalina e opções contra o feminicídio. Mais um caso...

O Estado brasileiro não deverá fechar os olhos para enfrentar esses crimes, as empresas privadas deviam fazer o mesmo, para acabar com essa patifaria. Denunciar o funcionário, seja faxineiro, encarregado ou gerente. Por que não cursos e palestras sobre o tema? Adiantar-se sobre possíveis casos em círculos de autoajuda? Em todos os anos, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promove os "21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Meninas e Mulheres". Em 2025, a Central inseriu o tema da Violência Digital.

Se a polícia requisitasse os celulares desses agressores sádicos identificariam os “diabos” que vêm repassados nas mensagens de ódio dos seus perfis. Poderiam criar um banco de dados de sites e plataformas, para rastrear essa rede de disseminadores de imagens íntimas não consentidas, dos abusadores pela I.A. de imagens privadas, das quadrilhas digitais on-line que agem contra policiais femininas, jornalistas, eleitas com mandato, sindicalistas e assédio contra adolescentes e meninas ingênuas. Fazê-lo preventivamente, para evitar a letalidade do crime de feminicídio.

Admoestou o presidente brasileiro ao público masculino de que “... Se ela não gosta de você, ela não é obrigada a ficar com você, deixa ela cuidar da vida...”

Feminicídio não ocorre somente entre pobres. Muitas vezes casadinhos bonitos e charmosos, esposas jovens e de rara beleza estética e de figurinos requintados aparecem nas notas policiais e no obituário. Alguns homens, por mais que a mulher não os queira, não aceitam o fim do relacionamento, do casamento, do namoro ou do “tico-tico no fubá” – essa que é uma relação sem compromisso até que azeda... Em se tratando de adultos isso não deveria ser problema, nem de violência ou feminicídio. 

Quem nesse mundo não levou um pé na bunda?!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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