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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Tortos governadores de direita

Políticos que governam à direita são cogitados para enfrentar Lula, mesmo que as pesquisas recentes mostrem a solidez da candidatura do presidente

Romeu Zema, Jorginho Mello, Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Wilson Lima, Ratinho Jr. e Mauro Mendes (Foto: Reprodução/X/@jairbolsonaro)

Esses políticos governam à direita, explícitos e escondidos, ou nem governam. Mas estão sendo cogitados para enfrentar Lula em 2026, mesmo que as pesquisas recentes mostrem a solidez da candidatura do presidente à reeleição. Sem contar que o sobrenome Bolsonaro passou a ser tóxico para a direita, qualquer que seja o prenome.

A falsa equivalência entre esquerda e direita é o fio condutor do sofismático artigo que Eduardo Leite, o preposto da direita no Rio Grande do Sul, escreveu para a Folha de S. Paulo: “É hora de despolarizar o Brasil” (29/7). Não se pode igualar dois polos, a direita e o PT, quando um é a arma e o outro, o alvo. O governador gaúcho usa argumento do doidivana norte-americano como se o presidente laranja não estivesse a serviço da internacional fascista quando interfere em nossa autonomia ao decretar uma ilógica — e ideológica — tarifa de 50%. Eduardo Leite, que contribuiu para implodir o PSDB e apoiou o discurso de ódio que levou Jair Bolsonaro à presidência em 2018, posa agora de paladino da ponderação quando não consegue nem resolver os problemas ambientais e estruturais de seu estado. Como diriam os antigos: tome tento!

Da parte de cá, estão escondendo bem o governador Tarcísio de Freitas, que já colocou o boné do MAGA que levou ao tarifaço de Trump, foi indiretamente citado no relatório dos EUA quanto à letalidade da polícia paulista e, agora, silencia frente ao envolvimento de auditores da Receita Estadual no esquema bilionário da Ultrafarma e outros. E crê que os áudios da continuada trama golpista envolvendo Eduardo e Jair Bolsonaro são somente conversas entre pai e filho. Seria preservação ou sepultamento de sua candidatura ao Planalto? Que respondam os extremistas de direita que o criaram.

Por fim, ainda que não mais ocupante do cargo, Ciro Gomes aparece em pesquisa de intenção de voto e, curiosamente, não como candidato da direita. Mas, diferente dos tucanos das matas, que têm uma relativa proteção, os do PSDB caminham a passos largos para a extinção, fortalecida, repito, por Eduardo Leite e asseclas. A perda do último governador do partido e a ida de Ciro Gomes para o PSDB são emblemáticas do fundo do poço ao qual chegou o grande partido da chamada direita democrática, que foi na última década do século passado. Seria um nome para compor com Tarcísio? A Faria Lima e os jornalões têm siricutico de entusiasmo com a possibilidade.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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