Davis Sena Filho avatar

Davis Sena Filho

Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre

708 artigos

HOME > blog

Trata-se de impunidade para o Bozo, estúpido! Luta de classes e Congresso inimigo do povo

Trata-se da continuidade do golpe de janeiro de 2023, que jamais parou ou se encerrou com a prisão de seus líderes, à frente Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília-DF - 14/09/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)

O Congresso Nacional em geral, mas notadamente a Câmara dos Deputados, é conhecido como “inimigo do povo”. A propalada Câmara Baixa, na verdade, tornou-se um antro de extremistas de direita, muitos deles, se não for a maioria, a preocupar-se apenas com seus interesses políticos e partidários, mas com o propósito inalienável de concretizar o mesmo ideário, que é tomar de assalto o poder central, se possível por meio de um golpe de estado, como tentaram em 8 de janeiro de 2023.

Dessa forma se torna novamente possível sequestrar o estado nacional para seus interesses privados, como fizeram nos governos ultraneoliberais e de extrema direita do golpista e usurpador Michel Temer e do golpista e protofascista Jair Bolsonaro, que se resumiram, principalmente, a atender os negócios e os privilégios da pior e mais cruel “elite” econômica do planeta — a “elite” brasileira —, porque totalmente descompromissada com a melhoria de vida da população e com a soberania e desenvolvimento do Brasil.

O PL da Dosimetria aprovado pelos deputados que agem e atuam no pior Congresso da história do País, a ter a Câmara como referência do golpismo e de votações sistemáticas contra os interesses da sociedade brasileira, significa a continuação do golpe de estado e visa, sobretudo, diminuir a pena de 27 anos e três meses imposta a Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, como se os parlamentares da direita e da extrema direita ficassem à espera de uma oportunidade para, quem sabe, Bolsonaro disputar as eleições.

Acontece que a dosimetria que está a ser aplicada diretamente nas veias da República é a busca recorrente de uma “elite” nacional moralmente degenerada e carcomida pela corrupção de valores e princípios, que tem por finalidade não aceitar a derrota de Bolsonaro para Lula, bem como manter a “chama” do bolsonarismo, no decorrer do ano de 2026, o ano da eleição presidencial e assim acreditar ser possível enfrentar Lula, o candidato da esquerda, que hoje lidera todas as pesquisas quando se trata do certame eleitoral programado para outubro do ano que vem.

Contudo, reitero, trata-se da continuidade do golpe de janeiro de 2023, que jamais parou ou se encerrou com a prisão de seus líderes, à frente Jair Bolsonaro, generais e delegados da PF, além dos “bagrinhos carne de canhão”, que estão nos presídios da Papuda e da Colmeia, no Distrito Federal. Pelo contrário, os piores e os mais corruptos parlamentares que este País já elegeu não sossegaram um momento sequer.

A realidade é que desde 2018, quando essa turba de cafajestes de direita entrou na Câmara e no Senado por intermédio da onda bolsonarista, a sociedade brasileira jamais teve trégua, a viver em desassossego e a pensar na vida real se os fascistas novamente assumirem a Presidência da República, porque após três anos da derrota de Bolsonaro seus apoiadores no Congresso Nacional causam todo tipo de crise política e institucional para que a anistia seja consolidada, a se utilizarem de todos tipos de chantagens, ameaças e violências, como se viu inúmeras vezes no plenário da Câmara.

A direita (Centrão) e a extrema direita (PL, Novo e parte do União Brasil) são, na prática, a fina flor do fisiologismo e da corrupção. Lutam para desmontar o Estado nacional e, consequentemente, impedir o acesso da população ao poder público e assim mantê-lo na pobreza. Trata-se da diabólica luta de classes, de maneira que os ricos e seus representantes nos fóruns públicos e privados impeçam a emancipação do povo brasileiro.

O propósito é mantê-lo no cabresto em prol da mão de obra barata e principalmente do analfabetismo político, que efetivam em grande parte da população, a incluir também a classe média, a ignorância e a falta de cognição para entender, inclusive, o mundo em que vive e o que lhe rodeia ao ponto de se confundir ou não saber quem de fato luta pelos seus direitos.

Esta é a receita política e ideológica da perversidade somada à rapinagem, ou seja, um estado que funcione apenas para 30% da população brasileira de 213 milhões de habitantes, além de evidentemente abrir os cofres para os 10% mais ricos, que concentram 70% da riqueza nacional, sendo que os muito ricos são apenas 1% da população brasileira e detêm aproximadamente 37% dos 70% já assinalados acima. A fonte desses índices é do Ministério da Fazenda.

Obviamente que esses números pornográficos denotam a dura realidade do povo brasileiro, o herdeiro da escravatura e da escravidão oficiais em um tempo de 388 anos. Trata-se de desigualdade extrema, radical e totalmente oficializada por muitos governantes, tanto das esferas federal quanto estadual, sem esquecer dos municípios. São números vergonhosos, vexaminosos para a condição humana e eles existem porque as “elites” brasileiras, que são riquíssimas, assim querem e não medem esforços e consequências para que, por exemplo, 105 milhões de pessoas nascidas no Brasil tenham apenas 2,5% da riqueza total do País, a confirmar a brutal desigualdade, que, sem sombra de dúvida, é uma das maiores do mundo.  

Evidentemente que essa vergonha nacional é plena de violência, omissão, abandono e perversidade. Trata-se da desigualdade como método cruel e feroz de dominância e poder de pequenos grupos de ricos e muito ricos que financiam agentes públicos para manter a miserabilidade e pobreza, a trabalhar como seus porta-vozes na imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?!) e nas instituições republicanas, a exemplo do Congresso, do Judiciário e do Executivo, notadamente quando um político de direita senta na cadeira da Presidência da República.

O PL da Dosimetria não é uma proposição solta no ar, vinda do acaso ou um incidente. A matéria expressa literalmente o que é o Brasil atual em busca recorrente e intermitente do tempo do escravagismo. A “elite” branca brasileira, uma das mais cruéis e violentas do mundo, sofre de banzo às avessas: ela sente saudade da escravidão. Está no seu DNA. Podem os séculos passar, mas nas moléculas dessa “elite” degenerada consta o gene da escravidão, da exploração e da dominância sobre as pessoas, à sociedade em geral.

Considero o PL da Dosimetria, que tem por principal finalidade libertar golpistas da cadeia uma afronta à nação brasileira, à sociedade civil organizada e desorganizada, aos poderes republicanos e às milhões de pessoas que escolheram viver em um regime democrático garantidor do estado democrático de direito — a democracia. Bolsonaro e sua escória passaram quatro anos a cometer crimes em série gravíssimos e por isso deveriam ficar 30 anos na cadeia, porque a “capivara”, a lista corrida dessa gente sem eira nem beira é plena de preconceitos e ódios ancestrais com a chancelo do Congresso inimigo do povo.

A verdade é apenas uma: Trata-se de impunidade para o Bozo, estúpido! É isso aí.     

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Artigos Relacionados