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Bepe Damasco

Jornalista, editor do Blog do Bepe

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Um Congresso que desperta ódio e nojo

Todos e todas às ruas no domingo, dia 14

Câ,ara dos Deputados, congresso Nacional (Foto: agência Brasil)

Do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, para cá a degradação política e moral do Congresso Nacional vem provocando sentimentos de ódio e nojo em qualquer cidadão dotado de senso crítico.

Quando o doutor Ulisses Guimarães, na cerimônia de promulgação da Constituição de 1988, disse que sentia ódio e nojo da ditadura, o velho Senhor Diretas jamais poderia imaginar que em um futuro não muito distante a Câmara dos Deputados e o Senado Federal seriam dominados por políticos dignos de despertar asco e repulsa semelhantes.

Além da atuação sistemática das duas Casas contra os interesses do povo brasileiro e a favor dos privilegiados, virou rotina o Congresso atropelar à luz do dia os princípios republicanos mais elementares, apelando para toda sorte de manobra.

Quem suas excelências pensam que são para, na calada da noite, atacarem a autonomia e independência do Judiciário, reduzindo drasticamente as penas dos que tentaram destruir a democracia. Isso quando o STF nem concluiu ainda o julgamento de todos os envolvidos na trama golpista.

Quem suas excelências pensam que são para decretarem a censura mais odienta, impedindo os jornalistas de entrarem no plenário e, pasme, cortando o sinal da TV Câmara?

Tudo para que as pessoas não vissem as imagens da truculência e da covardia contra o deputado Glauber Braga.

Aliás, Glauber só não foi cassado devido à solidariedade e articulação das bancadas de esquerda, que aceitaram votar a suspensão do parlamentar por seis meses para evitar a cassação. Logo em seguida, porém, o colegiado dirigido por Hugo Motta retomaria seu padrão pusilânime habitual, mantendo o mandato da criminosa Carla Zambelli.

A inacreditável saga de calhordices protagonizada pela Câmara vai da manutenção desavergonhada da bancada de fugitivos (Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Alexandre Ramagem) ao sequestro crescente do orçamento público através da farra das emendas, passando pelo aumento do número de deputados e pela PEC da Bandidagem que o povo derrubou nas ruas.

Só mentes turvadas pelo autoritarismo podem encarar com normalidade a adoção dos dois pesos e duas medidas como principal parâmetro de um parlamento para a tomada de decisões.

Nessa toada, dezenas de deputados da extrema direita ocupam a mesa da Câmara por 48 horas e permanecem impunes até hoje, enquanto o deputado Glauber, de esquerda, é retirado na base da porrada.

A mesma Câmara que o mais tem feito ultimamente, pegando carona oportunista na onda de criminalidade, é aumentar as penas para todo tipo de delito, alivia para quem comete o gravíssimo crime de sabotar a democracia e planeja assassinar o presidente da República, seu vice e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Não tenho dúvidas de que políticos de tão baixa extração não experimentam nenhum drama de consciência depois de um dia de "labuta" em defesa das piores causas. Decerto tomam seus whiskys e brindam à má sorte do povo brasileiro. 

Mas podem cair do cavalo.

Todos e todas às ruas no domingo, dia 14. 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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