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Arco da Restauração mobiliza R$ 2,4 bilhões em recursos, o dobro do valor contratado pelo BNDES para a região

A meta é recuperar 6 milhões de hectares até 2030, alcançando 24 milhões de hectares até 2050, numa faixa conhecida como “Arco do Desmatamento”

Aloizio Mercadante (Foto: Divulgação)

Agência BNDES - A iniciativa Arco da Restauração, parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) que visa recuperar áreas degradas e criar um cinturão verde de proteção na Amazônia, já mobilizou R$ 2,43 bilhões até o início da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima edição 2025 (COP30). O valor, anunciado nesta quarta-feira, 12, em Belém, pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, representa mais que o dobro dos recursos contratados pelo Banco para projetos da iniciativa (R$ 1,165 bilhão).

O balanço do Arco da Restauração foi divulgado em uma mesa da COP30 com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e do climatologista Carlos Nobre, integrante do Conselho de Administração do BNDES. O Arco envolve um tripé estratégico, com impactos positivos sob as óticas ambiental, social e financeira.

"O primeiro grande movimento estratégico do governo do presidente Lula foi o combate ao desmatamento: reduzimos em 50% na Amazônia, 11% no Cerrado", lembrou Mercadante. "Vamos fazer agora um novo investimento. Estamos restaurando a Amazônia e todos os biomas: R$ 2,5 bilhões na Amazônia, R$ 700 milhões na Caatinga, R$ 1,8 bilhão no Cerrado, na Mata Atlântica R$ 1,7 bilhão. São R$ 7 bilhões, 280 milhões de árvores e 71 mil empregos verdes".

Para Carlos Nobre, o projeto do Arco da Restauração é “essencial para salvar a Amazônia”. “Uma parte importante é que vai ajudar muito, financiar, que a gente chama de sociobioeconomia, que é a floresta em pé”, explicou. “Este projeto também vai induzir muito a restauração com sistemas agroflorestais, que os indígenas criaram milhares de anos atrás”.

Conforme ressaltou Marina Silva, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu reduzir as emissões em 700 milhões de toneladas de CO2, fazendo cair pela metade o desmatamento da Amazônia, com 9 mil operações de fiscalização do Ibama, outras mais de 600 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

“Agora invertemos o conceiro com o Arco da Restauração”, afirmou. “A restauração tem múltiplos resultados, que têm a ver com sequestro de carbono, tem a ver com benefício para a biodiversidade, tem a ver com benefício para o equilíbrio hídrico dos biomas em que essa restauração é feita. E quando ela é feita com espécies nativas, a gente consegue, ainda que não seja a floresta primária como gostaríamos que ela continuasse existindo, nos lugares em que ela já foi perdida, que a gente faça esse esforço que estamos fazendo”.

A meta é recuperar 6 milhões de hectares até 2030, alcançando 24 milhões de hectares até 2050, numa faixa conhecida como “Arco do Desmatamento”, que se estende do Maranhão ao Acre. Essa área, que corresponde ao tamanho do estado de São Paulo, requer investimentos da ordem de dezenas de bilhões de dólares, em recursos provenientes de setores nacionais e internacionais, privados e públicos.

O BNDES pôs a estratégia em movimento em na COP29, realizada em 2024, em Baku, no Azerbaijão. Em parceria com o MMA, reservou R$ 1 bilhão para a iniciativa, sendo R$ 450 milhões do Fundo Amazônia para a iniciativa Restaura Amazônia e R$ 550 milhões do Fundo Clima.

Graças aos R$ 15 milhões contemplados pelo Floresta Viva e os R$ 150 milhões contratados além dos R$ 550 milhões previstos em operações de crédito, o Banco destinou R$ 1,165 bilhão ao Arco da Restauração. Considerando os R$ 1,265 bilhão aportados por parceiros, chega-se aos R$ 2,43 bilhões em recursos mobilizados.Somando os recursos do Fundo Amazônia e uma doação de R$ 50 milhões da Petrobras, foram reunidos R$ 500 milhões ao Restaura Amazônia.

Entre novembro de 2024 e setembro de 2025, esse montante possibilitou o lançamento de 12 editais direcionados à seleção de entidades sem fins lucrativos para projetos de restauração florestal e implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) em áreas degradadas de unidades de conservação, terras indígenas, áreas de preservação permanente (APPs), reservas legais em assentamentos e pequenas propriedades rurais.

Com os recursos do Restaura Amazônia, já foram selecionados 45 projetos que viabilizarão o restauro ecológico em, pelo menos, oito unidades de conservação, em 80 assentamentos, e 39 terras indígenas.

Além dos recursos não reembolsáveis, o BNDES vem utilizando o Fundo Clima, administrado pelo Banco em parceria com o MMA. Com custo financeiro de 1% ao ano e prazo de até 25 anos, já foram aprovados mais de R$ 700 milhões para apoiar projetos florestais no Arco da Restauração. Somados ao capital próprio dos investidores privados, o valor deve ultrapassar R$ 1,9 bilhões.

Balanço do setor florestal – Antes de anunciar os números do Arco da Restauração, Mercadante detalhou toda a atuação do Banco no setor florestal nos últimos dois anos e meio, que mobilizou R$ 7 bilhões, sendo R$ 5,7 bilhões em crédito e R$ 1,3 bilhão em recursos não reembolsáveis.

Esse valor compreende recursos do Fundo Clima Florestas, do Fundo Amazônia, do Fundo Socioambiental do BNDES e de empresas tomadoras de créditos, governos e empresas e bancos multilaterais que se tornaram parceiros do BNDES nos projetos de investimento e nos projetos não reembolsáveis estruturados pelo BNDES, como o Floresta Viva e o Restaura Amazônia.

Cinco operações de crédito do Fundo Clima Florestas aprovadas pelo BNDES foram anunciadas nesta quarta-feira. Uma delas é a operação com a Re.green, que teve seu novo financiamento de R$ 250 milhões aprovado para restauração florestal de áreas na Amazônia e Mata Atlântica. A Re.green já obteve quase R$ 450 milhões de crédito do BNDES aprovados entre 2023 e 2025.

Também foram divulgados o primeiro financiamento do BTG Pactual para restauração ecológica do Cerrado numa operação de R$ 200 milhões do Fundo Clima, e a operação de crédito para a Tree+, empresa do grupo Lorentz (criadora da Aracruz), que teve R$ 152 milhões aprovados para recuperação florestal com espécies nativas no Norte do Rio de Janeiro e Sul Fluminense, cujas áreas já sofrem processo de desertificação.

O grupo Ibema, que tem a Suzano como uma de suas acionistas, teve R$ 110 milhões aprovados do Fundo Clima para a restauração da Floresta Nacional de Irati, no Sudeste do Paraná, concessão florestal estruturada pelo BNDES. A quinta aprovação anunciada foi do financiamento ao grupo Pátria Investimentos, no valor de R$ 200 milhões, para a implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) com base no cacau, café e abacate para Bahia, Espírito Santo e regiões de baixo IDH do Estado de São Paulo, como o Vale do Ribeira.

 

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