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Brasil se prepara para suprir demanda nacional de combustível sustentável de aviação até 2029

Produção de SAF ganha escala e pode reduzir em até 87% as emissões líquidas de carbono

Combustível sustentável de aviação (Foto: Agência Brasil)

247 – O Brasil encerra 2025 com avanços relevantes na transição energética do setor aéreo e caminha para alcançar um marco estratégico: atender, até 2029, toda a demanda nacional por combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). A avaliação é sustentada por uma combinação de capacidade técnica e produtiva já instalada, evolução regulatória e investimentos públicos e privados que começam a estruturar um novo mercado no país.

As informações foram divulgadas em reportagem da Agência Gov, destacando que o país já reúne condições para consolidar uma cadeia nacional de SAF — um passo decisivo para inserir o Brasil na agenda global de descarbonização da aviação e ampliar a competitividade da indústria de biocombustíveis.

Um dos principais marcos recentes desse processo foi o anúncio da Petrobras sobre as primeiras entregas de SAF 100% produzido no Brasil. O movimento integra uma estratégia mais ampla do governo federal para estimular a produção doméstica desse combustível, que é visto internacionalmente como peça-chave para reduzir emissões em um setor de difícil eletrificação.

Petrobras dá impulso ao novo mercado de biocombustíveis

A entrada da Petrobras como protagonista na produção de SAF reforça a capacidade de escala da cadeia nacional, uma vez que a estatal já concentra investimentos e pesquisa em biocombustíveis e mantém infraestrutura robusta de refino e logística. O anúncio das primeiras entregas nacionais do combustível é tratado como sinal de maturidade tecnológica e industrial do país, além de estimular novos projetos e parcerias na área.

O desenvolvimento do SAF no Brasil, segundo a abordagem apresentada, se apoia em três pilares: experiência consolidada com biocombustíveis, capacidade instalada de refino e ampla oferta de matérias-primas renováveis — especialmente óleos vegetais. Esses fatores permitem ao país construir uma cadeia produtiva alinhada aos padrões internacionais de sustentabilidade, atendendo às exigências ambientais e regulatórias do setor aéreo global.

Silvio Costa Filho: “Estamos estruturando um novo mercado”

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a expansão do SAF é decisiva para posicionar o Brasil como referência na agenda climática do transporte aéreo e enfatizou a importância de estabilidade regulatória e previsibilidade para atrair investimentos.

“Estamos estruturando um novo mercado no país, com planejamento, segurança regulatória e investimentos que dão previsibilidade ao setor. A produção nacional de SAF fortalece a indústria brasileira, gera oportunidades econômicas e permite que a aviação cresça de forma sustentável, em linha com os compromissos ambientais internacionais”, declarou o ministro.

A fala reforça o entendimento de que a transição energética do setor aéreo não depende apenas de tecnologia, mas de um ambiente regulatório e institucional que estimule a ampliação da produção, garanta parâmetros claros e impulsione investimentos de longo prazo.

Governo articula transição energética na aviação civil

Para acelerar essa mudança, o Ministério de Portos e Aeroportos tem atuado como articulador central de políticas públicas voltadas à transição energética na aviação. A meta é fomentar a produção de SAF, criar mecanismos de governança e alinhar o país às novas regulamentações internacionais que exigem combustíveis com menor pegada de carbono.

Uma das iniciativas centrais foi a criação, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia, do Fórum de Transição Energética na Aviação Civil (Fotea). Trata-se de um comitê interministerial voltado a propor políticas, coordenar ações e monitorar a implementação do programa nacional de SAF. Na prática, o fórum funciona como instrumento de integração entre governo e agentes estratégicos do setor — condição considerada essencial para acelerar a consolidação do mercado.

O avanço do SAF também está alinhado à Lei do Combustível do Futuro (Lei 14.993/24), citada como parte do arcabouço regulatório que dá suporte à expansão do combustível sustentável no país.

Por que o SAF é considerado decisivo para descarbonizar a aviação

O SAF ganhou protagonismo global porque é uma das soluções com maior potencial para reduzir emissões no transporte aéreo sem exigir mudanças estruturais imediatas nas aeronaves e na infraestrutura aeroportuária. Sua aplicação pode ser feita de forma gradual, misturando frações renováveis ao querosene de aviação mineral e ampliando sua presença conforme a produção cresce.

No caso brasileiro, a redução de emissões ocorre porque parte da composição do SAF utiliza matéria-prima vegetal processada em conjunto com o combustível tradicional. De acordo com a Petrobras, essa parcela renovável pode gerar redução prevista de até 87% nas emissões líquidas de carbono, tornando o SAF uma alternativa robusta para o cumprimento de metas climáticas.

Além do impacto ambiental, o combustível também representa uma janela econômica: ao dominar tecnologia e produção, o Brasil pode fortalecer o parque industrial, ampliar oportunidades na cadeia agrícola e petroquímica, estimular inovação e criar uma nova fronteira de exportação.

Meta 2029: oportunidades, desafios e o papel da regulação

Com o avanço do marco regulatório e o impulso de empresas estratégicas, o Brasil busca garantir que a consolidação do SAF ocorra com previsibilidade, escala e sustentabilidade. O Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação, citado como eixo orientador, tem como objetivo estimular investimentos, ampliar capacidade produtiva e garantir segurança regulatória para o setor.

A avaliação é que a atuação integrada entre governo federal e empresas como a Petrobras é fundamental para criar condições de mercado e acelerar a implementação das metas. A combinação de políticas públicas estratégicas, investimentos industriais e fortalecimento regulatório posiciona o país para atender a demanda interna até 2029 — e, ao mesmo tempo, disputar espaço em um mercado que tende a crescer com rapidez devido às exigências ambientais internacionais.

Ao final de 2025, a leitura predominante é que o SAF deixa de ser apenas uma promessa e passa a ser tratado como um novo eixo de desenvolvimento industrial, energético e ambiental, com potencial de transformar a aviação nacional e inserir o Brasil entre os protagonistas da economia de baixo carbono.

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