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Iphan lança programa nacional para fortalecer preservação arqueológica

Serra da Capivara inaugura visitas técnicas que vão orientar políticas públicas e gestão de sítios arqueológicos em todo o país

Inspeção de caverna (Foto: Danilo Curado/Iphan)

247 - O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu início a um novo programa voltado ao fortalecimento da preservação e da gestão do patrimônio arqueológico brasileiro. A iniciativa prevê a realização de visitas técnicas a sítios arqueológicos estratégicos, com o objetivo de identificar, sistematizar e difundir boas práticas já consolidadas em diferentes regiões do país.

A primeira etapa do Programa de Visitas Técnicas em Sítios Arqueológicos foi realizada entre os dias 30 de novembro e 6 de dezembro no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, área reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco e referência internacional em arqueologia.

A ação é conduzida pelo Centro Nacional de Arqueologia (CNA), unidade especial do Iphan, e busca criar subsídios técnicos para a formulação e o aprimoramento de políticas públicas voltadas à preservação, à gestão e à socialização dos sítios arqueológicos no Brasil. A missão piloto contou com a participação das arqueólogas Beijanizy Abadia, Francini Medeiros e Ana Leal, que ao longo de uma semana visitaram dez sítios arqueológicos, além de instituições de pesquisa, museus e comunidades locais.

Durante o trabalho de campo, a equipe do CNA dialogou com pesquisadores, gestores e moradores da região para compreender experiências consolidadas de conservação e uso social do patrimônio. Segundo a coordenadora de preservação do CNA/Iphan, Ana Paula Leal, a vivência direta no território é fundamental para a construção de diretrizes nacionais. “A Serra da Capivara é um laboratório vivo. Observar o território de perto nos ajuda a construir diretrizes mais sólidas e realistas para o patrimônio arqueológico brasileiro”, afirmou.

Referência internacional em arqueologia

A escolha da Serra da Capivara como área piloto não foi aleatória. A região concentra o maior conjunto de sítios pré-coloniais das Américas, com mais de 1.300 áreas arqueológicas cadastradas, além de pinturas rupestres que podem chegar a até 30 mil anos. O parque também é reconhecido pelo trabalho contínuo de pesquisa, conservação e turismo arqueológico desenvolvido há décadas, sob coordenação da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM).

Entre os locais visitados pela equipe estão sítios de alta relevância científica, como a Toca do Sítio do Meio, o Fundo do Baixão da Pedra Furada, a Toca do Vento e a Toca do Salitre. As arqueólogas também passaram por instituições como o Museu da Natureza, o Museu do Homem Americano, o laboratório da FUMDHAM, o Museu de Paleontologia Seu Pindoxo e o Sítio Arqueológico Lagoa São Vitor.

A agenda incluiu ainda atividades acadêmicas no curso de Arqueologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), com troca de experiências sobre formação profissional e pesquisas em andamento na região. Outro ponto de destaque foi o encontro com comunidades e pesquisadores envolvidos em projetos contemplados pelo Edital Arqueologia Viva, programa do Iphan que apoia iniciativas de turismo arqueológico e gestão comunitária dos sítios.

Expansão do programa em 2026

A experiência na Serra da Capivara marca apenas o início do programa. O Iphan prevê a ampliação das visitas técnicas para outras regiões do país ao longo de 2026, contemplando diferentes biomas, tipologias de sítios arqueológicos e modelos de gestão. A proposta é formar uma rede nacional de troca de conhecimentos entre pesquisadores, gestores públicos, comunidades e instituições.

O relatório consolidado da missão no Piauí servirá de base para orientar futuras ações, aprimorar metodologias de trabalho e apoiar decisões estratégicas voltadas ao fortalecimento da política arqueológica nacional. Os aprendizados já estão sendo utilizados em discussões sobre diretrizes para a socialização de sítios arqueológicos em distintos contextos brasileiros.

Para o próximo ano, estão previstas visitas técnicas a áreas arqueológicas em Nova Olinda, no Ceará; em Olho d’Água do Casado, em Alagoas; ao Parque Histórico São Miguel das Missões e sítios associados em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul; além da Ilha do Campeche, em Florianópolis, Santa Catarina.

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