Quatro iniciativas automotivas recebem R$ 210 milhões para avançar na descarbonização
Projetos do Mover impulsionam inovação nacional em motores, aço verde, radares automotivos e aplicações com grafeno
247 - Quatro novos projetos voltados à descarbonização e à digitalização da cadeia automotiva vão reunir R$ 210 milhões em investimentos nos próximos três anos. As iniciativas fazem parte do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), vinculado à Nova Indústria Brasil.
Os recursos — provenientes do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) — apoiarão a criação de tecnologias inéditas no país, com foco em motores a etanol de alta eficiência, produção siderúrgica de baixo carbono, sistemas automotivos avançados e soluções industriais com grafeno.
A chamada Projetos Estruturantes, anunciada nesta quinta-feira (4) pela Plataforma Inovação para a Indústria, aprovou propostas que deverão ser executadas em até 36 meses. Do total mobilizado, 85,5% correspondem a recursos não reembolsáveis do Mover e 14,5% constituem contrapartida das empresas envolvidas. Entre elas, estão montadoras e siderúrgicas como Volkswagen, Stellantis, General Motors, Hyundai, Toyota, Usiminas e CSN, além de startups e instituições de ciência e tecnologia.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), destacou que a iniciativa fortalece o ecossistema de inovação. “Este é um excelente exemplo de como o Mover estimula o investimento em todo o ecossistema de inovação brasileiro, com foco em eficiência energética, descarbonização e soberania tecnológica”, afirmou. Ele ressaltou ainda a relevância da parceria entre MDIC, Senai e Embrapii para o avanço da Nova Indústria Brasil.
Na avaliação do diretor-geral do Senai, Gustavo Leal, o formato da chamada amplia o impacto dos investimentos. “A chamada é voltada para projetos de pesquisa e desenvolvimento de alta complexidade, que olham para o futuro e podem mudar o patamar da indústria brasileira por meio da nacionalização de tecnologias para descarbonização da cadeia automotiva, que é um desafio global do setor”, disse. Segundo ele, o Brasil passa a desenvolver de forma conjunta um domínio tecnológico que ainda não possui.
O presidente da Embrapii, Alvaro Prata, reforçou a importância estratégica dos projetos. “Para essa chamada, estamos falando de R$ 210 milhões direcionados à criação de tecnologias inéditas no Brasil, com grande impacto na competitividade da indústria e na redução das emissões de gases de efeito estufa em áreas estratégicas para o futuro da mobilidade”, afirmou.
Conheça os projetos selecionados
Motores a etanol de alta eficiência
O projeto vai desenvolver motores para veículos leves combinando alta taxa de compressão, combustão ultra pobre e ignição distribuída via pré-câmara. Envolve simulações avançadas, otimização de pistões, novas estratégias de combustão e criação de um bloco de motor mais resistente e sustentável.
Investimento: R$ 48,8 milhões (R$ 44 milhões do Mover + R$ 4,8 milhões de contrapartida)
Aço de baixa pegada de carbono
A iniciativa busca reduzir emissões de CO₂ na cadeia automotiva por meio de tecnologias de descarbonização siderúrgica. O projeto prevê o uso de hidrogênio como redutor, matérias-primas renováveis e testes em instalações experimentais, resultando em infraestrutura inédita no hemisfério sul.
Investimento: R$ 76,8 milhões (R$ 59,8 milhões do Mover + R$ 17 milhões de contrapartida)
Sistema ADAS com radar automotivo nacional
A proposta prevê o desenvolvimento de um radar automotivo de médio e longo alcance totalmente nacional, fortalecendo a autonomia tecnológica do país. Inclui planta piloto, integração com câmeras e criação de protótipos funcionais para futuras etapas industriais.
Investimento: R$ 41,9 milhões (R$ 37,6 milhões do Mover + R$ 4,3 milhões de contrapartida)
Hub do Grafeno
O projeto cria um polo tecnológico dedicado ao desenvolvimento de nanocompósitos com grafeno aplicados a peças automotivas mais leves e sustentáveis. A iniciativa contará com infraestrutura piloto para síntese e funcionalização do material e testará rotas nacionais de produção.
Investimento: R$ 42,2 milhões (R$ 38 milhões do Mover + R$ 4,2 milhões de contrapartidas)



