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Abaixo-assinado denuncia ação do MPF contra Breno Altman

Manifesto reúne jornalistas, intelectuais e personalidades em repúdio à denúncia apresentada pelo procurador Maurício Fabretti

Abaixo-assinado denuncia ação do MPF contra Breno Altman (Foto: Brasil247)

247 - O jornalista Juca Kfouri lançou um abaixo-assinado em apoio a Breno Altman, fundador do site Opera Mundi, que se tornou alvo de denúncia apresentada pelo procurador Maurício Fabretti, do Ministério Público Federal (MPF). A campanha, revelada pelo portal Opera Mundi, contesta a acusação feita contra Altman por críticas ao genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza.

Segundo a publicação, a denúncia atende a pedido da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e foi formalizada em 7 de outubro, mesma data em que se completaram dois anos da ofensiva do Hamas e da intensificação dos ataques contra os palestinos. Fabretti acusa o jornalista de “racismo, incitação ao crime e apologia de crime” com base em postagens feitas entre outubro de 2023 e fevereiro de 2025 na plataforma X.

Solidariedade e críticas à denúncia

Juca Kfouri justificou a mobilização ao classificar a ação como arbitrária: “A iniciativa surgiu pela indignação, dessa denúncia absolutamente sem propósito”, declarou. Para ele, a medida fere princípios democráticos: “Eu tenho esperança de que o Conselho Nacional do Ministério Público reveja isso ou que o próprio procurador que faz a denúncia volte atrás, porque não é apenas um atentado à liberdade de imprensa e liberdade de expressão, é um atentado à compreensão de texto”.

O jornalista ainda defendeu o colega contra a acusação de racismo: “Não há o que justifique você, por causa de uma metáfora, acusar alguém de racista. É apenas isso. E se fosse em relação aos nazistas, ele tomaria a mesma atitude? Não é esse o problema, o problema é não entender uma metáfora”.

Personalidades se unem ao manifesto

A carta em solidariedade a Breno Altman já conta com assinaturas de nomes de destaque, como a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, a jornalista Rosa Freire d’Aguiar, o jornalista Leandro Demori, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro e o empresário Eduardo Moreira. Também subscreveram o documento Antônio Gracie, Fred Melo Paiva, Giovana Madalosso, Silvana Gontijo e Afonso Borges.

O advogado Pedro Serrano também se posicionou contra a denúncia, acusando o procurador de tentar impor “silêncio pela força institucional do medo”.

O conteúdo da carta

No manifesto, os signatários apontam que a metáfora usada por Altman foi interpretada de forma equivocada:

“Nós, abaixo-assinados, protestamos contra sua denúncia em relação ao jornalista Breno Altman por ter usado de metáfora conhecida e que significa exatamente o que metáforas significam. Denunciá-lo, diferentemente do que fez a Polícia Federal ao considerar a denúncia da Conib descabida, fere não só a liberdade de imprensa como a de expressão”.

O texto ainda questiona se o mesmo tratamento teria sido dado caso a metáfora se referisse aos nazistas:

“Tivesse escrito o mesmo sobre os nazistas teria também sido denunciado por racismo? Ou, então, que ele, judeu, considere os sionistas responsáveis pelo genocídio na Palestina equivalentes a ratos o transforma em racista ou terrorista?”.

Os signatários finalizam exigindo a retirada da denúncia e afirmam que, em caso de negativa, manterão a subscrição em apoio ao jornalista.

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