Abraji condena ataques a Malu Gaspar após reportagem sobre Moraes
Entidade critica ofensiva misógina contra jornalista e defende liberdade de imprensa
247 - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou, na quinta-feira (25), uma nota pública em repúdio aos ataques sofridos pela jornalista Malu Gaspar após a publicação de uma reportagem envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A entidade classificou as investidas como intimidação ao exercício profissional do jornalismo e alertou para o crescimento de agressões virtuais direcionadas a mulheres jornalistas que investigam figuras de poder.
No comunicado, a Abraji destacou que episódios desse tipo têm se repetido nos últimos anos e carregam um viés de gênero. “Infelizmente, nos últimos anos, se tornaram comuns os ataques misóginos a mulheres jornalistas que fazem reportagens sobre pessoas que ocupam importantes espaços de poder”, afirma a associação. A entidade acrescentou que a defesa do jornalismo deve ser uma responsabilidade coletiva: “A Abraji é uma instituição criada para defender o trabalho dos jornalistas profissionais e essa missão deveria ser coletiva. Quando qualquer jornalista sofre intimidação por exercer o seu ofício, perde a sociedade como um todo”.
A manifestação da Abraji foi divulgada após reportagem assinada por Malu Gaspar relatar que Alexandre de Moraes teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao menos quatro vezes para defender interesses do Banco Master. O conteúdo foi publicado originalmente pelo jornal O Globo e repercutido por outros veículos, dando origem a uma série de ataques direcionados à jornalista nas redes sociais.
Segundo a reportagem, o ministro do STF negou ter atuado em favor da instituição financeira. Em nota, Moraes afirmou que os encontros com Galípolo ocorreram “em virtude da aplicação da Lei Magnitsky”, versão que também foi divulgada pelo Banco Central. A jornalista relatou que as tratativas envolveriam pressões relacionadas ao Banco Master, o que foi rechaçado pelo magistrado.
O caso ganhou novos contornos após a divulgação de que o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, firmou um contrato de R$ 129 milhões com o Banco Master. A informação também foi publicada pelo O Globo em reportagens anteriores. Além disso, no fim de novembro, o ministro do STF Dias Toffoli viajou a Lima, no Peru, durante a final da Taça Libertadores, em um jato particular ao lado de um dos advogados ligados ao caso Master, cujas investigações estão sob sua supervisão.



