Aliados de Lula articulam criação de Agência Nacional Antimáfia
Proposta de agência inspirada em modelos internacionais reacende debate sobre segurança pública no Brasil
247 - A articulação para criação de uma Agência Nacional Antimáfia voltou ao centro das discussões entre parlamentares próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O tema ganhou força em meio às pressões por uma política unificada de combate às facções criminosas, que hoje operam com forte capilaridade em diversas regiões do país.
Segundo a jornalista Andréia Sadi, do g1, a proposta se inspira em estruturas internacionais como o FBI, a Direzione Investigativa Antimáfia (DIA), da Itália, e a National Crime Agency (NCA), do Reino Unido. Aliados defendem que um órgão autônomo concentraria esforços atualmente dispersos entre instituições federais e estaduais, favorecendo a atuação contra grupos como Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Guardiões do Estado (GDE).
O debate sobre a criação da agência surge em um momento em que o governo também avalia a possibilidade de Lula se reunir com Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, durante evento na Malásia. A agenda, embora diplomática, reforça a interlocução internacional brasileira em temas de segurança e cooperação.
A eventual nova agência, de acordo com articuladores da proposta, seria vinculada ao Ministério da Justiça, mas com autonomia operacional. A justificativa central é que a fragmentação das políticas de segurança e episódios de cooptação de agentes públicos têm dificultado o enfrentamento a facções de alcance nacional.
A proposta, porém, exigiria uma mudança constitucional para sair do papel. Seria necessária a apresentação e aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que demanda o apoio de 3/5 dos deputados e senadores, em duas votações em cada Casa. O desafio legislativo se soma a possíveis resistências internas no próprio governo federal e na Polícia Federal (PF).
Em agosto, quando uma iniciativa semelhante foi ventilada pela primeira vez, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, criticou publicamente a ideia. “Alguns, por interesses desconhecidos, querem criar uma nova agência para combater crime organizado, minha resposta é muito direta: essa agência já existe e ela é a Polícia Federal, que coordena ações em todo o Brasil de maneira integrada com todos os nossos parceiros nas 27 unidades da federação”, afirmou.



