Lula avalia que Derrite tentou distorcer PL Antifacção para blindar futuros investigados
Pressão levou Guilherme Derrite a mudar a proposta, alvo de duras criticas por colocar em risco a autonomia e independência da PF
247 - Em reunião com integrantes de sua equipe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou que o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), licenciado do comando da Segurança Pública de São Paulo, tentou modificar pontos essenciais da Lei Antifacção durante a tramitação na Câmara. A avaliação interna foi de que as alterações propostas poderiam abrir brechas para proteger futuramente investigados por ligações com o crime organizado.
Segundo a coluna do jornalista Valdo Cruz, do g1, a percepção no Planalto é de que Derrite, um aliado do governador paulista, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), enfrentou resistência tanto da base governista quanto da oposição e de setores da sociedade, o que acabou forçando seu recuo.
Reação no Planalto às mudanças propostas
A prioridade do governo federal é preservar o conteúdo elaborado pelo Ministério da Justiça, considerado fundamental no enfrentamento ao crime organizado. Um ministro envolvido nas discussões afirmou que “não fosse a pressão do governo e de especialistas do mundo jurídico, ele teria aprovado o enfraquecimento da PF”. Ainda conforme a reportagem, a equipe presidencial viu risco especialmente nos trechos que poderiam reduzir verbas destinadas à Polícia Federal, algo classificado por assessores como inaceitável.
Derrite recua após críticas ao relatório
Guilherme Derrite rejeita a interpretação atribuída ao seu relatório. O deputado nega que tenha buscado fragilizar a atuação das autoridades federais e afirma que houve leitura equivocada de suas propostas. Ele disse ainda que retirou os pontos mais polêmicos após orientação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que recomendou ajustes para evitar derrota no plenário.
Para Derrite, o trecho mais importante do texto é o endurecimento das penas para integrantes do crime organizado. Seu relatório já passou por quatro versões e pode ganhar uma quinta redação para tentar assegurar votação na próxima terça-feira (18).
Governo tenta preservar texto original
Mesmo à distância — o presidente cumpre agenda na Malásia — Lula reforçou a auxiliares que a discussão sobre a Lei Antifacção precisa manter o foco no texto original. A avaliação no governo é de que as alterações propostas por Derrite poderiam comprometer a eficácia do projeto e abrir brechas capazes de prejudicar a atuação das forças federais no enfrentamento ao crime organizado.



