Brasil tenta segurar presidência do Mercosul até fechamento de acordo com União Europeia
Estratégia busca assegurar que a assinatura do acordo com a UE ocorra sob a liderança brasileira no Mercosul
247 - O governo brasileiro articula uma mudança no calendário do Mercosul para garantir que a assinatura do acordo comercial com a União Europeia aconteça enquanto o Brasil ainda ocupa a presidência rotativa do bloco. Segundo o g1, a diplomacia brasileira entende que o país deve conduzir a formalização do pacto, que está em discussão há mais de vinte anos. A presidência deveria ser transferida ao Paraguai na próxima cúpula de chefes de Estado, mas Brasília avalia que o adiamento permitiria que o governo colhesse o reconhecimento político pelas tratativas, conduzidas sob forte empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Brasil busca protagonismo na assinatura
Fontes relatam que Lula fez investimentos significativos no esforço diplomático para concluir o acordo, inclusive com apelos públicos ao presidente francês, Emmanuel Macron, pedindo que ele “abrisse o coração” para viabilizar o entendimento. A França mantém resistências por temer impactos ao seu setor agrícola.
Com as negociações avançadas, o Brasil pretende receber representantes da União Europeia em Brasília no dia 20 de dezembro, em uma cerimônia destinada à assinatura do documento. A atividade contaria com a presença de autoridades do Mercosul, mas não teria caráter de cúpula formal.
Adiamento da cúpula abre brecha no calendário
A reunião oficial dos líderes do bloco deveria ocorrer no início de dezembro, em Foz do Iguaçu. Contudo, incompatibilidades de agenda entre países como Paraguai e Argentina levaram o governo brasileiro a considerar sua transferência para o próximo ano. A decisão se baseia no histórico de mais de vinte ocasiões em que a cúpula foi realizada apenas no mês seguinte ao término do mandato do país que comandava o bloco.
Acordo vive fase decisiva
O tratado, se ratificado, criará a maior zona de livre comércio do planeta. Para entrar em vigor, precisa da aprovação de todos os países do Mercosul e da União Europeia. No lado europeu, a votação está programada para os dias 18 e 19 de dezembro no Parlamento e entre os estados-membros.
A corrida pela aprovação ganhou novo impulso após a eleição do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo a reportagem, governos de países como Alemanha e Espanha veem no pacto uma alternativa para compensar perdas comerciais causadas pelas tarifas impostas por Trump.
Interesses econômicos e pressões internas
Para defensores do acordo, o Mercosul representa um mercado relevante para setores industriais europeus, além de fornecer minerais essenciais à transição energética, como o lítio utilizado em baterias. Lula ressaltou recentemente a dimensão econômica do pacto ao afirmar: “É um acordo que envolve praticamente 722 milhões de habitantes e envolve 22 trilhões de PIB. É uma coisa extremamente importante, possivelmente seja o maior acordo comercial do mundo”.
Apesar do otimismo, o projeto enfrenta resistências internas no Mercosul. Especialistas alertam que a abertura comercial pode intensificar a concorrência europeia em áreas sensíveis para as economias sul-americanas, criando dúvidas sobre os impactos industriais na região.



