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Claro avança na fibra óptica e possível compra da Desktop agita setor de telecom

Análise detalhada da XP Investimentos indica que o movimento estratégico da Claro pode desencadear fusões e aquisições

Claro avança na fibra óptica e possível compra da Desktop agita setor de telecom (Foto: Reprodução)

247 - A movimentação da Claro no mercado de fibra óptica veio ao centro do debate após a XP Investimentos publicar, na terça-feira (28), um relatório detalhando os possíveis impactos de uma eventual aquisição da Desktop. Segundo o documento, citado em veículos especializados, a própria Desktop confirmou que mantém conversas com a operadora, embora não haja acordo fechado.

No estudo, a XP Investimentos reforça que a aproximação marca uma inflexão na estratégia da Claro para redes FTTH (fibra até a casa), apontando que a compra da Desktop — e futuras aquisições — pode redefinir o equilíbrio competitivo no setor. A análise aprofunda quatro eixos principais: a mudança estratégica da Claro, os méritos de um eventual acordo, os riscos concorrenciais e os efeitos para empresas listadas na Bolsa.

A XP destaca que a aquisição da Desktop simboliza uma guinada decisiva na estratégia de fibra da Claro, que vinha operando com investimentos mais parcimoniosos no segmento. O relatório compara duas trilhas de crescimento inorgânico avaliadas pela companhia: a entrada via V.Tal, analisada anteriormente, e a compra de grandes ISPs, caminho que permitiria à operadora ampliar rapidamente sua cobertura FTTH e reforçar pacotes convergentes de serviços.

O documento também projeta que a expansão por M&A não deve se limitar à Desktop. Grupos como Alloha e Vero são apontados como potenciais alvos pela combinação de escala, sobreposição de mercados e oportunidades de integração de ofertas.

No caso específico da Desktop, a XP ressalta que São Paulo — principal área de operação da empresa — concentra 33% da base pós-paga e 43% da banda larga da Claro. A intensa concorrência na região, onde a operadora perde participação e apresenta adições líquidas inferiores às da Vivo e da própria Desktop, reforçaria o interesse estratégico do negócio. Estimativas de sinergias feitas pela corretora projetam um valor presente líquido entre R$ 0,8 bilhão e R$ 1,4 bilhão para a Claro.

A possível concentração de mercado foi outro ponto examinado. A XP recupera decisões anteriores do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em operações similares. Embora a combinação Claro–Desktop supere 50% de participação em algumas cidades, os analistas ponderam que isso não implica, necessariamente, reprovação do órgão ou imposição de remédios imediatos, com base nos precedentes. Caso a operação avance, a expectativa é de análise extensa e criteriosa.

O relatório também avalia repercussões entre as grandes operadoras. A aceleração da estratégia de convergência pela Claro pode pressionar especialmente a TIM em São Paulo, estimulando a empresa a buscar movimentos estruturais em fibra, como joint ventures ou aquisições. A Vivo, por sua vez, teria incentivo para reforçar seu ritmo de expansão em FTTH, inclusive com operações de M&A.

No longo prazo, segundo a XP, a consolidação tende a trazer maior racionalidade competitiva ao setor. No curto prazo, porém, o cenário oposto é possível: disputas mais acirradas, dependendo da velocidade de expansão da Claro. Além disso, grandes ISPs podem virar alvos tanto das teles quanto umas das outras, em busca de escala e valorização para possíveis negociações futuras.

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