Correios aprovam plano de reestruturação e preveem empréstimo de R$ 20 bilhões até o fim do mês
Estatal mira recuperação financeira após 12 trimestres de prejuízo e reforça compromisso com a universalização dos serviços postais
247 - Os Correios aprovaram um amplo plano de reestruturação para enfrentar a crise financeira que se arrasta há três anos e recolocar a estatal no caminho da sustentabilidade. As informações são do g1. Segundo a reportagem, o plano se apoia em três eixos — recuperação financeira, consolidação do modelo operacional e crescimento estratégico — e prevê ações profundas ao longo dos próximos 12 meses. A medida mais urgente é a captação de um empréstimo de R$ 20 bilhões com um consórcio de bancos, operação que deve ser concluída até o fim de novembro, segundo a nova gestão.
A aprovação marca o início da execução de diretrizes apresentadas em outubro pelo presidente da estatal, Emmanoel Rondon, que vem defendendo que o redesenho estrutural é indispensável para garantir a sobrevivência da empresa. Somente no primeiro semestre deste ano, os Correios acumularam déficit líquido de R$ 4,5 bilhões.
Demissões, cortes e modernização
Entre as ações imediatas previstas estão um Programa de Demissão Voluntária (PDV), redução de gastos com planos de saúde, modernização tecnológica e revisão ampla da rede de atendimento — que poderá resultar no fechamento de até mil unidades deficitárias. A empresa também pretende monetizar ativos e vender imóveis, estimando potencial de arrecadação de R$ 1,5 bilhão.
Outro eixo do plano inclui a expansão do portfólio voltado para comércio eletrônico e a análise de eventuais fusões e aquisições para reconstrução da empresa no médio prazo.Apesar da profundidade das mudanças, a estatal afirmou, em comunicado, que manter a universalização dos serviços postais permanece como prioridade absoluta. Mesmo diante do rombo acumulado, destacou ser o único operador capaz de alcançar 100% dos municípios brasileiros, incluindo áreas remotas — responsabilidade que envolve desde a entrega de livros didáticos até o suporte logístico em eleições e ações humanitárias.
Riscos envolvidos e perspectivas
A nova estratégia prevê que o conjunto de medidas permita reduzir o déficit a partir de 2026 e retomar resultados positivos em 2027. No entanto, especialistas ponderam que a dependência do crédito bancário, a necessidade de vender ativos em um mercado instável e a concorrência crescente no setor podem colocar obstáculos no caminho.Com operadores privados investindo pesado em logística e tecnologia, os Correios enfrentam o desafio de se modernizar sem abrir mão de sua função pública — uma equação que, segundo a própria estatal, será determinante para o futuro da companhia.



