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Haddad pode deixar a Fazenda num eventual quarto mandato de Lula

Ministro afirma que já entregou tudo o que o presidente Lula solicitou e diz que ainda não decidiu se permanecerá no cargo

Haddad pode deixar a Fazenda num eventual quarto mandato de Lula (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que já cumpriu todas as tarefas determinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e indicou que sua permanência no cargo em um possível quarto mandato ainda é incerta. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, na qual ele revelou não saber se deseja seguir comandando a política econômica do governo. “Não sei se tenho pretensão de continuar na Fazenda”, afirmou.

Na conversa com o Estado de S. Paulo, Haddad destacou que está satisfeito com sua atuação e ressaltou que entregou ao presidente “tudo o que ele encomendou”. Apesar disso, disse que não iniciou discussões sobre 2026 e reafirmou que sua disposição pessoal é conhecida por Lula desde o ano passado.

Tarifa gratuita só será adotada se houver compensação fiscal

Haddad também comentou o estudo solicitado pelo presidente sobre a possibilidade de implantar tarifa zero no transporte público, tema recentemente impulsionado pelo deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP). O ministro disse que não terá pressa e reiterou que a medida não será tratada como ação para o ano que vem devido às restrições da legislação eleitoral.

Ele explicou que o projeto só avançará se houver equilíbrio nas contas públicas. “(A tarifa gratuita) só será viável se for fiscalmente neutra. Se não, não vamos fazer. Não tenho espaço fiscal para isso”, afirmou. Segundo o ministro, a equipe da Fazenda está realizando uma radiografia completa do setor, avaliando tarifas, subsídios, vale-transporte e possíveis fontes de compensação.

Imposto de Renda e Bolsa Família seguem sem novidades

A entrevista também tratou da ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, que deve ser sancionada nos próximos dias. Haddad afirmou que só deu andamento à proposta após garantir neutralidade fiscal, evitando impactos negativos nas contas públicas.

Sobre um possível reajuste do Bolsa Família, foi direto: “Ninguém falou comigo sobre isso”, afirmando que ajustes precisam considerar os efeitos dos programas sociais no mercado de trabalho.

Relação com o PT e percepção do mercado

Haddad disse que o PT hoje o enxerga de forma mais positiva, embora reconheça a diversidade interna de críticas e posições. Segundo ele, isso não o incomoda. O ministro também afirmou não temer uma reação negativa do mercado financeiro caso deixe a pasta, argumentando que a agenda econômica já foi compreendida e incorporada.

Ele mencionou ainda que, em encontro recente do PT, a política econômica do governo foi aprovada por ampla maioria: “E assim, no visual, 80% a 20% a favor da política econômica”, relatou.

Estatais, Correios e Eletronuclear

Sobre a situação das estatais, Haddad disse que o Tesouro está sendo criterioso na análise do empréstimo de R$ 20 bilhões solicitado pelos Correios e que o aval só será dado caso o plano de reestruturação seja validado. Em relação à Eletronuclear, afirmou que a equipe econômica está consolidando uma posição para apresentar ao presidente, após anos de indefinição sobre o futuro de Angra 3.

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