Correios firmam empréstimo de R$ 12 bilhões com garantia da União
Acordo até 2040 busca reequilibrar contas após prejuízo recorde e prevê aval do Tesouro Nacional
247 - Os Correios assinaram um contrato de empréstimo no valor de R$ 12 bilhões com um conjunto de bancos, em uma operação que terá validade até 2040 e conta com garantia da União. O aval do Tesouro Nacional reduz o risco para as instituições financeiras e estabelece que o governo federal deverá honrar as parcelas caso a estatal se torne inadimplente, oferecendo uma camada adicional de segurança ao crédito concedido.
Após a aprovação do financiamento, o Tesouro Nacional informou que a operação respeitou o limite de juros previsto para empréstimos com garantia da União e atendeu aos critérios exigidos para a avaliação da capacidade de pagamento de estatais que possuem plano de reequilíbrio aprovado pelas instâncias competentes.
A contratação do crédito ocorre em meio a uma grave crise financeira enfrentada pelos Correios. Apenas no primeiro semestre de 2025, a estatal registrou prejuízo de R$ 4,36 bilhões, o maior de sua história. Diante da escassez de recursos, a empresa e o governo federal passaram a discutir, a partir de janeiro, medidas para reequilibrar as contas.
Entre os principais fatores que explicam o resultado negativo estão o forte aumento dos gastos com pessoal, mudanças no programa Remessa Conforme — que reduziram receitas com encomendas internacionais —, além de uma queda acentuada no fluxo de caixa, quando a entrada de recursos passou a ser insuficiente para cobrir as despesas. Também contribuíram para a crise o crescimento das despesas com precatórios, decorrentes de decisões judiciais, e o fato de cerca de 85% das agências operarem no prejuízo.
Para tentar reverter o cenário, a nova gestão dos Correios aprovou um plano de reestruturação que inclui corte de custos, implantação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV), venda de imóveis ociosos e renegociação de contratos. O conjunto de medidas prevê ainda redução da jornada de trabalho, mudanças nos planos de saúde, retorno ao trabalho presencial e o lançamento de um marketplace próprio.
Nos bastidores, o debate sobre a privatização da estatal voltou a ganhar força como alternativa ao modelo atual. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, descartou essa possibilidade e avaliou que as dificuldades financeiras podem ser resultado de uma “gestão equivocada”. “Enquanto eu for presidente não vai ter privatização. Pode ter construção junto com empresas. Enquanto eu estiver na presidência não vai ter privatização dessas empresas, pode ter parceria, economia mista, mas privatização não vai ter”, afirmou.
Lula também lamentou a crise financeira da empresa e ressaltou sua importância estratégica para o país. “Uma empresa pública não pode ser a rainha do prejuízo. Trocamos o presidente dos Correios, chamamos a ministra Esther e Rui, colocamos alguém com muita expertise e responsabilidade e vamos tomar medidas que tivermos que tomar, mudar todos os cargos que tivermos que mudar e colocar pessoa com competência”, declarou o presidente.



