Defesa nega que Bolsonaro tinha intenção de fugir após violar tornozeleira
Advogado afirma que Bolsonaro apenas manipulou o equipamento e que medicação pode ter provocado uma "alteração cognitiva"
247 - A defesa de Jair Bolsonaro (PL) reagiu às acusações de que o ex-mandatário teria tentado fugir após manipular sua tornozeleira eletrônica durante a prisão domiciliar determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Paulo Cunha Bueno admitiu que Bolsonaro descumpriu as regras do monitoramento eletrônico, mas negou que qualquer ato tenha tido como objetivo deixar o país.
Defesa rejeita hipótese de fuga
“Você simplesmente interagir com a tornozeleira não significa, não equivale dizer que você pretendia fugir. A fuga seria uma estrutura complexa. Se ele pretendesse fugir, ele ia cortar a tornozeleira”, disse Cunha Bueno em entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, segundo o g1.
O advogado também argumentou que Bolsonaro não teria como deixar o condomínio devido à presença constante de policiais federais. “Ele não teria como fugir”, afirmou. Ele acrescentou que a ampla visibilidade pública do ex-mandatário tornaria impossível qualquer deslocamento sem ser notado. “Uma pessoa como o presidente Bolsonaro, se colocar o pé na esquina, é reconhecido”, disse.
Visibilidade e vigilância impediriam fuga, diz defesa
O advogado reforçou que a vigilância na área dificultaria qualquer movimentação irregular. Para a defesa, a simples manipulação do dispositivo não corresponde a um plano de evasão, mas a um ato isolado sem intenção de romper as condições impostas pela Justiça.
Advogado atribui episódio a combinação de remédios
Cunha Bueno afirmou ainda que Bolsonaro sofreu um surto ao tentar retirar a tornozeleira, o que levou à determinação de sua prisão na superintendência da Polícia Federal. Ele relatou que o ex-mandatário havia iniciado uma nova medicação poucos dias antes do ocorrido.
“Essa medicação nova foi prescrita três dias antes do episódio”, explicou. Para o advogado, a combinação entre uma substância recém-introduzida e outros dois medicamentos psiquiátricos já em uso teria provocado alteração cognitiva. “Você uniu uma medicação nova em cima de outras duas medicações psiquiátricas que já vinham sendo ministradas, um paciente idoso, portanto muito mais suscetível a interações medicamentosas. E acabou produzindo uma situação... provavelmente acabou atuando, enfim, passando o ferro de solda na tornozeleira”, afirmou.



