Extrema-direita celebrou os insultos de Merz contra o Brasil
Deputados e senadores bolsonaristas atacaram o presidente Lula e se solidarizaram ao chanceler alemão após declarações ofensivas sobre a COP30
247 – As declarações ofensivas do chanceler alemão Friedrich Merz sobre o Brasil, ao afirmar que jornalistas de sua comitiva teriam ficado “contentes” por deixar o país depois da COP30, provocaram indignação nacional — mas não entre as lideranças da extrema direita brasileira.
Em vez de defenderem o Brasil diante de uma fala considerada humilhante e diplomáticamente agressiva, parlamentares bolsonaristas se solidarizaram ao agressor estrangeiro e aproveitaram o episódio para atacar o presidente Lula.
O deputado federal Nikolas Ferreira fez uma publicação no X (antigo Twitter) comemorando a declaração de Merz. Segundo ele: “Lula fazendo Brasil passar vergonha mundial. Brutal.”
A postagem ecoou a retórica frequente utilizada por líderes da extrema direita: culpar o presidente por qualquer crítica proferida por autoridades estrangeiras, mesmo quando estas ofendem frontalmente o país.
O senador Flávio Bolsonaro também celebrou os ataques de Merz contra o Brasil. Em sua mensagem no X, ele escreveu: “IRRESPONSÁVEL! Lula gastou milhões de impostos para queimar o filme do Brasil no mundo todo. Isso é irreparável!”
A crítica — que não apresenta qualquer evidência e ignora o caráter institucional de uma conferência internacional — reforça o alinhamento da extrema direita brasileira a discursos que desgastam a imagem do país no exterior.
A deputada federal Bia Kicis igualmente não demonstrou indignação com o insulto alemão. Em sua publicação no X, afirmou: “O desgoverno Lula fazendo o Brasil passar vergonha internacional. Esperar o que desse Presidente e sua Janja?”
A mensagem reforça o padrão de hostilidade pessoal e de ataques à família do presidente, prática recorrente entre parlamentares bolsonaristas.
Ataques internos e ausência de defesa nacional
A atitude das lideranças da extrema direita brasileira contrasta com a postura esperada de representantes eleitos diante de críticas de uma autoridade estrangeira contra o país. Em vez de condenarem a fala do chanceler alemão — amplamente vista como ofensiva, preconceituosa e desrespeitosa ao Brasil —, os parlamentares optaram por atacar o próprio governo brasileiro, legitimando o agressor e fragilizando a defesa da soberania nacional.
O episódio evidencia, mais uma vez, a estratégia política de grupos bolsonaristas: transformar qualquer crítica externa em instrumento de disputa interna, ainda que isso implique apoiar insultos contra o próprio país.



