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Chanceler alemão que insultou o Brasil é impopular e considerado prepotente e arrogante

Declarações de Friedrich Merz sobre a COP30 abriram crise diplomática e expuseram seu estilo brusco e pouco diplomático

Friedrich Merz em Berlim (Foto: Fabrizio Bensch)

247 – O chanceler alemão Friedrich Merz voltou ao centro das atenções internacionais após declarar, durante uma conversa com jornalistas, que nenhum dos profissionais que o acompanharam à COP30 teria desejado permanecer no Brasil. 

Segundo Merz, “Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha (…) especialmente daquele lugar onde estávamos.” A fala, vista como um insulto direto ao país-sede da conferência climática, gerou forte reação no Brasil e entre diplomatas.

Líder da ala mais conservadora da CDU

Friedrich Merz é hoje o principal representante da ala mais à direita da União Democrata-Cristã (CDU), mais conservadora que a liderança exercida por Angela Merkel durante duas décadas. Liberal na economia, ele defende corte de impostos, flexibilização regulatória e disciplina fiscal. No campo social, adota posições tradicionais em temas como família, valores e imigração, segundo perfil elaborado pelo G1.

A trajetória financeira de Merz é outro ponto de atenção: após deixar a política em 2009, tornou-se milionário em sua atuação como advogado corporativo e executivo. Ele mesmo já declarou renda anual próxima a € 1 milhão e recebeu críticas após dizer que pertencia à “classe média-alta”, apesar de ser proprietário de dois jatos particulares.

Popularidade baixa e estilo considerado arrogante

Os primeiros meses de seu governo têm sido marcados por forte rejeição pública e por tensões internas na CDU. O perfil descrito por adversários e até por aliados como “ambicioso”, “controlador” e “pouco habilidoso politicamente” contribuiu para essa percepção.

Merz ganhou reputação de usar uma linguagem agressiva e pouco diplomática em debates sobre política externa e segurança. Em uma ocasião, afirmou que Israel fazia o “trabalho sujo” no conflito envolvendo o programa nuclear iraniano, gerando repercussão negativa. Em outra, ao comentar imigração, declarou que ainda havia “um problema na paisagem urbana” relacionado ao tema e, ao sugerir como avaliá-lo, disse: “perguntem às suas filhas (se as tiverem)” — frase amplamente criticada por insinuar associação entre imigrantes e violência sexual.

Anos de rivalidade com Angela Merkel

Merz passou boa parte da carreira política à sombra de Angela Merkel. Nos anos 2000, quando despontava como um jovem advogado carismático da ala conservadora, perdeu para ela a disputa pelo comando da CDU. Merkel consolidou-se como líder centrista do partido, enquanto Merz assumiu informalmente o papel de porta-voz do setor mais conservador.

Após acumular derrotas internas, decidiu abandonar a política e se dedicar ao setor financeiro, antes de retornar em 2020, justamente quando Merkel anunciou que deixaria o comando do governo alemão.

Retorno ao poder em ambiente de crise

Com a crise política que se aprofundou após o fim dos 16 anos de Merkel no poder, Merz se reposicionou como figura pragmática e defensora de austeridade fiscal, reformas estruturais e fortalecimento da defesa europeia. Sua eleição ocorreu após um processo turbulento, no qual chegou a reverter uma derrota inicial.

Ao assumir o poder, descartou alianças com a extrema direita e prometeu formar uma coalizão “firme e estável”. Apesar disso, sua postura frequentemente confrontadora alimenta controvérsias.

Vida pessoal e episódios controversos

O chanceler tem 70 anos, é casado com uma juíza — colega dos tempos de faculdade — e é pai de três filhos. Merz também é piloto de avião profissional. Em entrevistas, já contou ter tido uma “juventude selvagem”, relatando episódios como rinhas de moto e até “urinar coletivamente” em um aquário de sua escola durante uma festa, segundo disse à revista Der Spiegel.

Falas polêmicas e cálculo político

A insistência em declarações provocativas, como as feitas sobre a COP30, tem sido interpretada por analistas como parte de uma estratégia para reforçar laços com setores conservadores do eleitorado alemão. Contudo, esse estilo reforça críticas de que Merz seria prepotente, arrogante e incapaz de exercer diplomacia em temas sensíveis.

A mais recente polêmica — ao afirmar que sua comitiva estava “contente por deixar” Belém — evidencia novamente a dificuldade do chanceler em lidar com questões internacionais sem gerar tensões desnecessárias.

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