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Filhos de Bolsonaro se articulam para definir liderança política após prisão

Encontros reservados indicam que Flávio e Michelle devem assumir linha de frente das ações e discursos do grupo

Flávio Bolsonaro (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

247 - A prisão de Jair Bolsonaro (PL) desencadeou uma movimentação imediata entre seus filhos e aliados próximos, que passaram o fim de semana montando uma nova estrutura de comando para o período de isolamento do ex-presidente. Segundo o jornal O Globo, a família iniciou conversas reservadas para decidir quem será a principal voz pública durante a crise.

Parlamentares avaliam que, apesar da atuação pulverizada do grupo, o protagonismo deve se concentrar no senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), apontados como os nomes mais capazes de conduzir a articulação política e organizar a reação da base bolsonarista.

O primeiro movimento ocorreu no sábado (22), quando Flávio e Carlos Bolsonaro se reuniram discretamente com os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Izalci Lucas (PL-DF), além dos deputados Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Hélio Lopes (PL-RJ) e Zucco (PL-RS). O encontro, realizado em uma loja de doces próxima ao condomínio Solar de Brasília, foi descrito como uma tentativa inicial de alinhar estratégias e calibrar o discurso.

Relatos indicam que Flávio assumiu o comando da conversa, defendendo prudência e pedindo uniformidade para evitar contradições públicas. O grupo discutiu, ainda, prioridades para a próxima semana no Congresso, incluindo citações ao projeto de anistia para envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Zucco, líder da oposição, afirmou: "A gente quer deixar claro que quem fala de forma objetiva e clara sobre toda a situação é o senador Flávio, o próprio Carlos, o (Jair) Renan, a dona Michelle e o Eduardo". Nos bastidores, porém, aliados reconhecem que uma hierarquia está sendo desenhada, com o senador buscando consolidar seu papel como porta-voz institucional — apoiado por líderes do Centrão e pela ala tradicional do PL.

Michelle Bolsonaro, por outro lado, mantém forte influência entre parlamentares cristãos e deputadas bolsonaristas, que defendem sua presença como voz “mais legítima” da família, sobretudo pela capacidade de mobilizar bases femininas e religiosas. A ex-ministra Damares Alves reforçou essa visão ao dizer: "Na política acho que será algo bem compartilhado com os meninos. Mas nas demais situações será ela sim".

O presidente do PP, Ciro Nogueira, avaliou como natural que a responsabilidade se concentre entre os dois principais nomes. "Apenas Flávio e Michelle podem falar por Bolsonaro. É natural que um assuma mais o papel de porta-voz. Deve ser o Flávio", afirmou. Na mesma linha, o deputado Bibo Nunes (PL-RS) destacou: "O Flávio é o filho mais velho e senador. É equilibrado, de bom senso e tem amplo conhecimento político, totalmente alignedo com o pai".

No Centrão, a leitura predominante é de que Flávio reúne melhores condições para conduzir negociações e estruturar respostas rápidas, enquanto Michelle é percebida como peça estratégica para suavizar o impacto da prisão junto a setores mais sensíveis do eleitorado conservador.

Desde a detenção, a coordenação interna segue fragmentada: Carlos mantém o controle das redes sociais; Eduardo, que está nos Estados Unidos, tenta ampliar a repercussão internacional do episódio; e Jair Renan acompanha os irmãos nas articulações. Contudo, parlamentares avaliam que apenas Flávio mantém diálogo constante com líderes partidários e articulação política ativa.

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