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Prisão de Bolsonaro abre caminho para Tarcísio em 2026, apontam bolsonaristas

Trapalhadas de Flávio Bolsonaro enfraquecem o clã e reorganizam a direita para as eleições

Tarcísio de Freitas e Flávio Bolsonaro (Foto: Paulo Guereta/Governo do Estado de SP | Andressa Anholete/Agência Senado)

247 - A prisão de Jair Bolsonaro (PL) desencadeou uma reacomodação imediata na direita e colocou em xeque o projeto presidencial de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Nos bastidores, aliados do ex-presidente avaliam que o senador perdeu força após sua atuação nos episódios que antecederam a detenção do pai.

Segundo Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, figuras influentes do bolsonarismo entendem que o enfraquecimento da família abre caminho para o avanço de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, como o nome mais competitivo para 2026.

Nos círculos conservadores, a percepção é de que Flávio vinha ganhando espaço em negociações e articulações internas, mas passou a ser visto como um quadro em declínio. A avaliação é de que erros estratégicos cometidos pelo senador, especialmente durante os dias que antecederam a prisão do ex-presidente, evidenciaram falta de habilidade política e até ingenuidade.

Entre os episódios que mais repercutiram está a convocação de apoiadores para uma vigília em frente à casa do pai, num momento em que o Supremo Tribunal Federal se preparava para concluir o julgamento dos embargos apresentados por condenados no caso da tentativa de golpe. 

O ministro Alexandre de Moraes interpretou o chamado como afronta ao Judiciário. Ao decretar a prisão do ex-presidente no sábado (22), Moraes classificou as atitudes de Flávio como “patéticas” e afirmou que o senador buscava “reeditar acampamentos golpistas e causar caos social no Brasil”, além de “insultar a Justiça de seu país” e negligenciar suas responsabilidades parlamentares.

Outro episódio considerado desastroso ocorreu na própria vigília. Flávio permitiu que um religioso de esquerda discursasse diante dos manifestantes e do próprio senador. O religioso declarou que orava “para que os que abrem covas caiam nelas”, afirmando que seriam julgados “como o seu pai, que abriu 700 mil covas na pandemia”. A cena repercutiu negativamente entre bolsonaristas, reforçando a impressão de descontrole do evento.

Esses movimentos, apontam aliados, fragilizam as pretensões de Flávio, até então o nome mais forte da família para tentar a Presidência ou, ao menos, integrar uma chapa como vice. A resistência do clã Bolsonaro em abrir mão do sobrenome na disputa — vista internamente como essencial para mobilizar a base fiel — também se tornou foco de tensão com líderes do Centrão. Argumentam que o peso eleitoral negativo do ex-presidente, cuja rejeição chega a 60% em pesquisas recentes, afasta setores moderados.

Com o novo cenário, Tarcísio de Freitas ressurge como o principal nome da direita para enfrentar Lula em 2026. Aliados do ex-presidente consideram que, diante do desgaste da família Bolsonaro, o governador paulista volta a ser visto como a alternativa mais viável para manter o campo conservador competitivo no próximo pleito.

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