Greve dos petroleiros avança no segundo dia e amplia paralisações
Movimento cresce com adesão de novas unidades e atinge plataformas, refinarias, termelétricas e bases administrativas
247 - A greve nacional dos trabalhadores do Sistema Petrobras chegou ao segundo dia nesta terça-feira (16) com expansão significativa das paralisações e adesão de novas unidades em diferentes regiões do país. O movimento, iniciado à zero hora de segunda-feira (15), não registrou recuos e passou a alcançar um número ainda maior de plataformas, refinarias, terminais, unidades de gás, biodiesel e áreas administrativas, consolidando a mobilização da categoria.
As informações sobre a ampliação da greve foram divulgadas pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que acompanha a paralisação em nível nacional e monitora o avanço das adesões em todas as regiões. Segundo a entidade, o crescimento do movimento reflete a insatisfação generalizada dos trabalhadores diante do impasse nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho.
Entre as novas adesões registradas neste segundo dia, destacam-se o Ceará, com paralisações na Lubnor, na Termoceará e no Terminal de Mucuripe, e o Rio Grande do Sul, onde houve corte de rendição na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). Com isso, a greve ampliou seu alcance territorial e passou a atingir novos polos estratégicos do Sistema Petrobras.
Estados que já estavam mobilizados também apresentaram crescimento expressivo das paralisações. No Norte Fluminense, o número de plataformas offshore paradas na Bacia de Campos aumentou de 15 para 22 unidades, com trabalhadores solicitando desembarque, aprofundando os impactos operacionais. No Amazonas, a adesão no Terminal Aquaviário de Coari foi ampliada e passou a envolver equipes da operação, da manutenção e do Serviço de Saúde (SMS).
O movimento também avançou em outras regiões do país. No Rio Grande do Norte, houve adesão da Usina Termelétrica do Vale do Açu e dos médicos do SMS. Na Bahia, a Usina de Biodiesel de Candeias (PBio) entrou na paralisação. No Espírito Santo, médicos e dentistas aderiram ao movimento, enquanto em Santa Catarina novos terminais passaram a integrar a greve em Itajaí e Guaramirim.
Com a ampliação registrada até agora, o balanço do segundo dia aponta paralisações em 24 plataformas, oito refinarias, nove unidades da Transpetro, três termelétricas, duas usinas de biodiesel, cinco campos terrestres e três bases administrativas. Também estão paradas a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB) e a Estação de Compressão de Paulínia (TBG).
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, avalia que o crescimento da greve está diretamente ligado ao descontentamento da categoria com a condução das negociações. Segundo ele, “o avanço da greve é resultado da insatisfação generalizada da categoria, em razão da postura da Petrobras nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho, que não trouxe respostas concretas às reivindicações históricas dos trabalhadores”.
Ainda nesta terça-feira, petroleiros realizaram um ato unificado em frente à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. A mobilização contou com a presença de dirigentes da FUP, parlamentares e apoiadores do movimento. Durante o ato, os trabalhadores denunciaram a repressão ocorrida na unidade, defenderam o direito constitucional de greve e reafirmaram a disposição de manter a paralisação.
Bacelar reforçou que a continuidade do movimento está vinculada às respostas da empresa. “A greve cresce porque cresce também a indignação dos trabalhadores. A direção da Petrobras precisa compreender que não há como avançar sem enfrentar os problemas estruturais que afetam a categoria. A paralisação seguirá até que a empresa apresente uma proposta que contemple os eixos centrais da nossa pauta: o fim definitivo dos equacionamentos da Petros, a reconquista de direitos retirados e uma Petrobras comprometida com a soberania nacional e com seus trabalhadores”, afirmou.
A greve tem recebido apoio público de parlamentares, ex-parlamentares, lideranças políticas e centrais sindicais, que destacam a legitimidade do movimento e cobram uma postura diferente da Petrobras diante dos resultados financeiros da companhia e de seu papel estratégico para o país.
O coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e diretor da FUP, Sérgio Borges, destacou que as bases estão preparadas para uma paralisação prolongada. “Se a gestão da Petrobras cessar os ataques aos direitos dos trabalhadores e apresentar uma proposta que contempla os anseios da categoria, a greve pode ser suspensa ou até mesmo encerrada. A continuidade ou não do movimento depende única e exclusivamente da atual gestão da Petrobras”, afirmou. Segundo ele, “os trabalhadores estão reafirmando sua disposição de luta, de enfrentamento, de resistência para lutar por um ACT digno e por uma Petrobras forte e a serviço do povo brasileiro”.
Com novas adesões previstas para os próximos dias, a mobilização segue em expansão e mantém caráter nacional, articulada a partir das bases e com impacto crescente sobre unidades estratégicas do Sistema Petrobras.



