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Greve dos petroleiros começa com adesão nacional e repressão no Rio

Paralisação por tempo indeterminado atinge refinarias e plataformas e tem dirigentes sindicais presos durante ato na Reduc

Greve dos petroleiros começa com adesão nacional e repressão no Rio (Foto: FUP)

247 - A greve nacional dos petroleiros, aprovada por tempo indeterminado, teve início à meia-noite desta segunda-feira (15), com forte adesão em unidades da Petrobras distribuídas por todas as regiões do país. Logo nas primeiras horas do movimento, trabalhadores de plataformas, refinarias e terminais aderiram à paralisação, interrompendo rotinas operacionais e acionando protocolos de contingência da empresa.

No Rio de Janeiro, o primeiro dia do movimento também foi marcado por um episódio de repressão policial durante mobilização pacífica na Refinaria Duque de Caxias (Reduc). A informação foi divulgada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que denunciou a prisão de dirigentes sindicais e classificou a ação como violação ao direito constitucional de greve.

Ainda na madrugada, trabalhadores das plataformas do Espírito Santo e do Norte Fluminense realizaram a entrega das operações às equipes de contingência. No Amazonas, houve adesão integral dos funcionários do Terminal Aquaviário de Coari. Já no início da manhã, por volta das 7h, petroleiros de seis refinarias vinculadas à FUP deixaram de realizar a troca de turno, procedimento que impede o revezamento regular das equipes e exige a adoção de medidas de segurança pela empresa.

A paralisação atingiu as refinarias Regap, em Betim (MG), Reduc, em Duque de Caxias (RJ), Replan, em Paulínia (SP), Recap, em Mauá (SP), Revap, em São José dos Campos (SP), e Repar, em Araucária (PR), evidenciando o alcance nacional e coordenado do movimento grevista.

Coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar afirmou que a deflagração da greve foi resultado direto da ausência de negociações por parte da gestão da Petrobras. “A greve nacional dos petroleiros foi aprovada quase por unanimidade nas assembleias realizadas em todo o país e tornou-se inevitável diante da falta de diálogo da gestão da Petrobrás. Há mais de três meses apresentamos nossa pauta e os três eixos centrais seguem sem resposta: o fim definitivo dos planos de equacionamento do déficit, a reconquista de direitos históricos retirados da categoria e uma Petrobrás comprometida com a soberania nacional e com seus trabalhadores”, declarou.

Sérgio Borges, diretor do Sindipetro-NF e também da FUP, destacou a amplitude da mobilização logo no primeiro dia. “O primeiro dia da greve nacional da categoria petroleira já demonstra um movimento muito forte em todos os estados do país. Temos relatos de adesão nas plataformas do Norte Fluminense, do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo, além de paralisações em refinarias, terminais de processamento de gás e bases administrativas que iniciaram o movimento desde a madrugada ou ao longo desta manhã”, afirmou.

Segundo ele, no Norte Fluminense, dirigentes sindicais acompanham de perto as ações em todas as bases da região. “No Norte Fluminense, diretores sindicais estão presentes em todas as bases, incluindo aeroportos, unidades operacionais, sedes administrativas e áreas portuárias. Nas plataformas, os trabalhadores vêm realizando os procedimentos de parada, entrega das unidades e solicitação de desembarque, enquanto os trabalhadores de terra se organizam para participar ativamente das atividades da greve, que é por tempo indeterminado e teve início hoje, dia 15”, acrescentou.

Na Reduc, a mobilização foi interrompida pela intervenção da Polícia Militar. Durante a ação, houve uso de spray de pimenta, agressões físicas e a detenção do secretário-geral do Sindipetro Caxias, Marcello Bernardo, e do membro titular da CIPA, Fernando Ramos. Ambos exerciam atividades sindicais no momento da abordagem e foram levados à delegacia, sendo liberados por volta das 10h. De acordo com a FUP, os dirigentes ainda passariam por exame de corpo de delito.

A federação repudiou a atuação policial e denunciou tentativa de criminalização do movimento sindical. Para a entidade, episódios como o ocorrido em Duque de Caxias tendem a ampliar a indignação da categoria e reforçam a pressão por avanços concretos nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

A paralisação está estruturada em três eixos principais: a distribuição justa da riqueza gerada pela Petrobrás, o fim dos Planos de Equacionamento de Déficits (PEDs) da Petros e o reconhecimento da pauta do Brasil Soberano, que inclui a suspensão de desinvestimentos e de demissões no setor de exploração e produção.

Os petroleiros também defendem a recuperação de direitos retirados em períodos anteriores, melhores condições de trabalho e uma solução definitiva para os equacionamentos da Petros, que impactam diretamente a renda de trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas.

Paralelamente à greve, aposentados e pensionistas mantêm, pelo quinto dia consecutivo, uma vigília em frente ao Edifício Senado (Edisen), sede da Petrobras no Rio de Janeiro. O ato cobra uma proposta concreta para o encerramento dos PEDs, apontados como responsáveis por perdas financeiras severas, especialmente entre os beneficiários mais antigos. Tanto a vigília quanto a greve seguem por tempo indeterminado, à espera de respostas efetivas da empresa às reivindicações apresentadas pela categoria.

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