Interferência de Michelle em alianças estaduais azeda clima com Centrão e a direita
Lideranças veem desgaste crescente com movimentos da ex-primeira-dama, que tenta influenciar palanques para 2026
247 - A movimentação de Michelle Bolsonaro, dirigente do PL Mulher, voltou a provocar desconforto entre partidos da direita e do Centrão, que avaliam que ela tem ido além do papel institucional ao interferir na formação de palanques locais. Segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1, a tensão se intensificou depois que Michelle criticou publicamente uma articulação no Ceará entre o PL e o ex-governador Ciro Gomes, recém-filiado ao PSDB.
Ela chamou a aproximação de “precipitada” e rejeitou a ideia de composição com o ex-governador. “Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá”, afirmou Michelle, numa referência direta a Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tramar um golpe de Estado, que tem recebido visitas da esposa na sede da Polícia Federal em Brasília.
Resistência ao protagonismo antecipado
Entre dirigentes de centro e de direita, a avaliação é de que Michelle tenta assumir um protagonismo cada vez maior nas negociações para 2026, movimento que se intensificou após a prisão de Bolsonaro. Embora reconheçam sua influência e capacidade de mobilização, lideranças desses grupos consideram que a presença de membros da família Bolsonaro nas articulações pode atrapalhar arranjos mais amplos para a formação de palanques competitivos nos estados.
A avaliação é de que a prioridade, neste momento, é ampliar alianças e evitar conflitos internos antes das definições eleitorais do próximo ano. A intervenção direta de Michelle, segundo as lideranças, criaria dificuldades desnecessárias em cenários locais já considerados complexos.
Reações no Ceará e impacto nacional
No Ceará, a crítica de Michelle caiu mal entre aliados que defendem a aproximação entre setores da direita e Ciro Gomes, visto por lideranças regionais como peça importante para consolidar uma frente mais competitiva no estado. A filiação dele ao PSDB reuniu dirigentes da oposição e reposicionou o tabuleiro político local, reacendendo debates sobre alianças e rompimentos.
A postura da ex-primeira-dama, entretanto, não é encarada apenas como um gesto isolado. Para políticos do Centrão, o episódio evidencia a tentativa dela de assumir espaço decisório em um momento de fragilidade de Bolsonaro e de disputa por liderança no campo conservador.
Michelle, que hoje comanda o braço feminino do PL, tem ampliado aparições públicas e intensificado sua participação em eventos partidários. A visita recente ao marido na sede da Polícia Federal, registrada no dia 23 de novembro, reforçou sua presença no noticiário político num momento de alta sensibilidade para o partido.
Palanques de 2026 no centro das disputas
Com o calendário eleitoral se aproximando, as negociações estaduais passaram a ser tratadas com mais cautela pelas siglas envolvidas. A preocupação de dirigentes é garantir que divergências internas não fragilizem projetos nacionais, especialmente no campo da direita, que busca reorganizar sua base de apoio após a prisão de Bolsonaro.
Enquanto esse rearranjo ocorre, a intervenção de Michelle segue como ponto de tensão nos bastidores. Lideranças do centro e da direita afirmam que preferem evitar que qualquer membro da família Bolsonaro se torne protagonista das costuras estaduais, temendo que disputas internas contaminem acordos decisivos para 2026.



