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Lindbergh nega problemas pessoais com Motta, mas critica agenda da Câmara

Líder do PT diz que temas pautados no plenário de modo "meio errático" surpreenderam a base aliada

Lindbergh Farias (Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

247 - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), negou ter qualquer problema pessoal com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), mas fez duras críticas à forma como a agenda legislativa vem sendo conduzida. Segundo o parlamentar, divergências recentes estiveram relacionadas exclusivamente às pautas levadas ao plenário e à maneira como decisões foram tomadas, o que, na avaliação dele, gerou instabilidade política.

Lindbergh destacou que os embates com a presidência da Casa não dizem respeito a relações individuais, mas ao conteúdo e ao ritmo das votações. “Eu nunca tive problema, nunca tivemos problema pessoal. O problema de tudo foi a agenda que foi colocada aqui em curso, que não tem jeito. Com agenda como aquela, a gente teve que demarcar o campo e fazer disputa política”, afirmou.

O líder petista também criticou o que classificou como um comportamento “meio errático” na definição das pautas, apontando que a falta de previsibilidade contribuiu para momentos de tensão entre o Legislativo e o Executivo. Para ele, decisões tomadas sem articulação adequada acabaram surpreendendo o governo em votações estratégicas.

Entre os episódios citados, Lindbergh lembrou derrotas sofridas pelo Planalto, como a derrubada do decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a tramitação da chamada PEC da Blindagem, a aprovação da urgência do PL da Anistia e a perda de validade da medida provisória que tratava de alternativas ao aumento do IOF. Segundo ele, em alguns casos, o governo sequer teve tempo de se preparar para o resultado em plenário.

“A gente soube da votação do IOF no Twitter, às 11 horas da noite. Nós fomos para a votação e a votação foi anunciada com a maior derrota de todos os tempos. A gente não teve 100 votos, teve 98 votos. Mas eu posso dizer que ali começou a virada de jogo nossa aqui no Parlamento e também do governo na sociedade. Aquilo é o marco do início de uma recuperação”, declarou.

Na avaliação do deputado, os confrontos no Congresso tiveram papel relevante na recomposição da imagem do governo junto à sociedade. Ele considera que, a partir desses episódios, o Executivo iniciou um processo de fortalecimento político que pode refletir positivamente no cenário eleitoral. “O governo entra em 2026 mais forte”, avaliou.

Sobre a relação institucional com Hugo Motta, Lindbergh afirmou que o diálogo foi retomado após um período de tensão. No fim de novembro, o presidente da Câmara havia anunciado o rompimento das relações com o líder do PT, em meio a conflitos sobre a articulação de projetos considerados prioritários pelo governo. O parlamentar confirmou que novas conversas ocorreram recentemente, mas ponderou que o ambiente segue marcado por divergências políticas.

“Aqui a relação é política. É que teve muitos temas que surgiram e foi meio errático”, disse. Ao tratar de possíveis acordos para as eleições de 2026, especialmente na Paraíba, Lindbergh avaliou que o cenário ainda é incerto. Segundo ele, eventuais alianças, como para a disputa ao Senado, dependerão da atuação futura de Hugo Motta em projetos sensíveis, como o PL da Dosimetria e outras propostas de interesse do governo.

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