HOME > Brasil

Lula acena para o Congresso, pede aprovação da PEC da Segurança e avisa: "não precisa de genocídio"

Presidente destacou que a segurança pública é hoje “o problema mais grave do país”

Brasília (DF) - 09/12/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça-feira (9) um apelo direto ao Congresso Nacional para a aprovação da PEC da Segurança, proposta que, segundo ele, é fundamental para definir o papel da União no enfrentamento à violência. A fala ocorreu durante a cerimônia que regulamentou as novas regras para emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Lula afirmou que a atual legislação deixa indefinida a participação do governo federal na área, o que, para ele, prejudica a eficácia das ações. “É importante aprovar para a gente definir qual é o papel da União na participação da questão da segurança pública. Precisamos definir onde a gente entra e como a gente entra, sem ferir a autonomia dos governadores”, declarou. O presidente classificou o tema como urgente: “Hoje é o problema mais grave do país”.

Ao defender a PEC, Lula criticou abordagens pautadas pela violência e exaltou a necessidade de inteligência nas operações. “Tem gente que acha que é tudo resolvido matando. Eu não acho. Acho que investir em inteligência, nas pessoas certas no lugar certo, a gente não precisa de genocídio para enfrentar o banditismo”, disse. Ele relatou ainda que comunicou ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a disposição do Brasil em cooperar no combate ao crime organizado, mencionando inclusive que um dos chefes do esquema criminoso brasileiro vive em Miami.

O presidente associou a agenda da segurança à estratégia mais ampla de reconstrução do país, afirmando que seus primeiros anos de governo foram dedicados a preparar terreno para a entrega de resultados. Lula afirmou que, no início de 2026, pretende apresentar uma prestação de contas nacional, momento que chamou de “a hora da verdade”, quando buscará “desbaratinar a quantidade de mentiras” propagadas nos últimos anos. Segundo ele, o balanço mostrará o esforço para recolocar o Brasil no caminho do desenvolvimento.

Ao abordar conquistas sociais, Lula lembrou que o Brasil voltou a ser retirado do Mapa da Fome após dois anos e meio de gestão, ressaltando que governar exige priorizar quem mais precisa. “No fundo, a palavra correta é que nós somos ‘cuidadores’”, afirmou. Ele destacou a desigualdade histórica no acesso a direitos básicos, citando o caso dos motociclistas que trabalham sem habilitação devido ao alto custo da CNH — tema central da cerimônia.

Lula dedicou parte do discurso a reforçar a importância do diálogo permanente com o Congresso. Ao mencionar que seu partido tem apenas 69 dos 513 deputados e nove dos 81 senadores, enfatizou que governar implica negociação. “É fazer política, conversar, dialogar, tentar convencer, ser convencido, ceder. É assim que você exerce a governança”, disse. O presidente observou que, apesar das limitações, o governo conseguiu aprovar “99%” de suas propostas no Legislativo.

Ele também tratou de medidas já em fase de implementação, como o programa Gás do Povo, que garantirá botijões gratuitos a quase 15,5 milhões de famílias, e a nova política de tarifas de energia, que isentará consumidores de baixa renda que utilizam até 80 kWh por mês. Para Lula, essas ações representam a consolidação de um pacto de justiça social que precisa avançar no sistema tributário e na gestão da segurança.

Ao final, o presidente relacionou a discussão sobre violência à necessidade de combater o feminicídio e fortalecer políticas de proteção às mulheres. Lula classificou o problema como estrutural e presente em todas as camadas da sociedade, defendendo mudanças de comportamento. “Não é direito bater em mulher, muito menos matar mulher”, afirmou, reforçando que o país precisa enfrentar essa realidade com seriedade e compromisso.

Artigos Relacionados