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Mais Médicos cresce 99% e amplia acesso à Atenção Primária em 4,5 mil municípios

O número de profissionais passou de 13,7 mil para 27,3 mil entre 2023 e 2025

Logomarca do Programa Mais Médicos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - O Programa Mais Médicos registrou uma expansão expressiva nos últimos anos e se consolidou como um dos principais instrumentos de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no Brasil. Entre 2023 e 2025, o número de profissionais em atuação praticamente dobrou, ampliando a presença médica em regiões historicamente desassistidas e fortalecendo a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).

O contingente de médicos do programa saltou de 13,7 mil para 27,3 mil em três anos. Esse crescimento de 99% permitiu ampliar a cobertura e qualificar o atendimento em cerca de 4,5 mil municípios, com impacto direto na redução de internações evitáveis e na melhoria dos indicadores de saúde.

A ampliação do Mais Médicos tem papel central na garantia de acesso equitativo aos serviços de saúde para aproximadamente 67 milhões de brasileiros. Em municípios classificados como de alta vulnerabilidade social, seis em cada dez médicos em atuação integram o programa, o que evidencia sua relevância para a redução das desigualdades regionais.

O fortalecimento da Atenção Primária também se reflete no aumento da demanda atendida. Entre 2022 e 2025, o número de atendimentos anuais cresceu cerca de 30%, passando de 23,9 milhões para mais de 31 milhões. Esse avanço está diretamente associado à ampliação das equipes de Saúde da Família e de Atenção Primária, que hoje somam 60,4 mil em todo o país.

Nos territórios indígenas, o impacto é ainda mais significativo. O número de médicos atuando nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) mais que dobrou no período, passando de 325 profissionais em 2022 para 706 em 2025. A expansão ampliou o acesso à atenção básica em áreas que historicamente enfrentam dificuldades de provimento regular de profissionais de saúde.

Os efeitos do programa também são observados na melhoria dos indicadores assistenciais. Municípios com maior presença de médicos do Mais Médicos registraram quedas nas internações por condições sensíveis à Atenção Primária, como insuficiência cardíaca, gastroenterite e asma. Estudos apontam redução média de 2,3% nas internações evitáveis entre pessoas de 0 a 64 anos, com destaque para a diminuição entre crianças de 0 a 4 anos e adultos de 20 a 64 anos. Esses resultados estão associados ao fortalecimento do pré-natal, à continuidade do cuidado e à redução da mortalidade infantil.

Outro eixo estratégico do programa é a fixação de profissionais nos territórios. Em 2024, os médicos do Mais Médicos apresentaram maior tempo médio de permanência em todas as regiões do país, chegando a pelo menos nove meses no Norte. Entre profissionais fora do programa, a média foi de cerca de cinco meses. A menor rotatividade contribui para o fortalecimento do vínculo entre equipes de saúde e a população atendida.

Os dados mostram que, no ano passado, a rotatividade entre médicos que não integravam o programa chegou a 118,6%, indicando elevado número de desligamentos ao longo do ano. Entre os profissionais do Mais Médicos, as taxas foram menores, variando de 75,2% a 91,1%, conforme a região, o que representa maior estabilidade para a gestão local do SUS.

Desde 2023, o Ministério da Saúde vem promovendo ajustes na gestão do programa, alinhados às recomendações de órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União (CGU). Entre as iniciativas está o lançamento do Painel de Monitoramento do Mais Médicos, ferramenta pública que permite acompanhar a alocação de profissionais, a cobertura assistencial e a permanência nos territórios, ampliando a transparência das ações.

No Relatório de Avaliação do Programa Mais Médicos – Exercício 2024, são reconhecidos avanços na gestão e no alcance dos objetivos do programa. O documento destaca parcerias com universidades federais para o desenvolvimento de indicadores, simulações de impacto e algoritmos de priorização territorial, com foco na ampliação da presença médica em áreas de maior vulnerabilidade social.

Criado em 2013, o Mais Médicos mantém papel estratégico na promoção da equidade na distribuição de profissionais de saúde. Além do provimento emergencial, o programa articula ensino, serviço e comunidade, contribuindo para a formação e qualificação profissional, o fortalecimento das equipes de saúde da família e a sustentabilidade do SUS, com impactos diretos na redução das desigualdades regionais e na melhoria das condições de saúde da população.

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