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'Agora tem especialistas' será prioridade em 2026 e promete acelerar redução das filas no SUS

Ministro Alexandre Padilha destaca recorde de cirurgias, mutirão em março focado na saúde da mulher e avanços em vacinação e saúde mental

O ministro Alexandre Padilha (Saúde), durante entrevista para falar sobre os casos de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, agora concentradas no estado de São Paulo, devem transcender os limites do estado (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

247 - O Ministério da Saúde vai manter como prioridade absoluta, em 2026, o programa Agora Tem Especialistas, iniciativa voltada à redução das longas filas por consultas, exames e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS). Após um ano marcado por números recordes de atendimentos e cirurgias eletivas, o governo federal planeja acelerar ainda mais o ritmo no próximo ano, com novos mutirões e ampliação das parcerias com estados, municípios e a rede hospitalar pública e privada.

As informações foram detalhadas pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, na qual ele fez um balanço das ações de 2025 e apresentou as principais prioridades da pasta para 2026.Segundo Padilha, o último ano ficará registrado como um marco no enfrentamento das filas históricas do SUS. “O 2025 vai ficar marcado como o ano em que o Ministério da Saúde, o Governo do Brasil, com estados e municípios, colocaram como prioridade absoluta o atendimento das pessoas que estão há meses, às vezes até anos, esperando por uma cirurgia, por um exame especializado, consulta especializada”, afirmou.

De acordo com o ministro, o país deve encerrar o ano com o maior número de cirurgias eletivas já realizadas pelo SUS.Um dos destaques foi a realização, em dezembro, do maior mutirão nacional da história do sistema público de saúde, reunindo mais de 210 hospitais em todo o país. Padilha anunciou que a estratégia terá continuidade. “Março de 2026 a gente programa mais um grande mutirão nacional de saúde da mulher”, disse, ressaltando que a ação terá foco em exames, diagnósticos e procedimentos voltados ao público feminino.

O ministro explicou que o sucesso do programa está na articulação entre diferentes esferas e setores. “A gente está usando tudo o que tem da saúde pública e privada no Brasil para reduzir o tempo de espera”, afirmou. Entre as novidades, ele destacou a adesão de hospitais privados de planos de saúde, que passaram a atender pacientes do SUS por meio de mecanismos de abatimento de dívidas ou impostos junto à União.Padilha também ressaltou que a organização das filas permanece sob responsabilidade local. “O Ministério da Saúde não cria uma fila própria, porque isso ia gerar uma confusão, ia até ser injusto com quem está esperando há tanto tempo”, explicou. Segundo ele, cabe às redes estaduais e municipais acionar os pacientes quando os mutirões chegam às cidades.Além dos mutirões, as carretas do programa Agora Tem Especialistas estão em circulação por todos os estados, permanecendo cerca de 30 dias em cada localidade. “A carreta vai lá, fica 30 dias, fazendo exames da mulher, mamografia, biópsia do câncer, ultrassom ginecológico, faz um procedimento para câncer do colo de útero, consulta com ginecologista”, detalhou o ministro.

Na entrevista, Alexandre Padilha também abordou os avanços na área de vacinação. Ele celebrou o aumento da cobertura vacinal infantil e o papel das escolas nesse processo. “Mais de 1,2 milhão de crianças foram vacinadas este ano dentro da escola”, afirmou, ao destacar o enfrentamento ao negacionismo e às falsas informações sobre vacinas.Entre as novas conquistas, o ministro destacou a inclusão da vacina contra a bronquiolite no SUS, aplicada em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. “É uma vacina que custa R$ 1.700, R$ 2.000, já vi até R$ 4.000 reais sendo cobrado por essa vacina na clínica privada. Agora ela tá de graça no SUS”, disse. Ele reforçou que a medida garante proteção aos bebês nos primeiros meses de vida.Padilha também comemorou os avanços no combate à dengue. “Neste ano a gente conseguiu reduzir em 75% os casos de dengue, comparado com o ano passado”, afirmou.

Segundo ele, além da compra de 18 milhões de doses da vacina já disponível internacionalmente, o país avança no desenvolvimento de uma vacina 100% nacional pelo Instituto Butantan, com apoio do Ministério da Saúde e do BNDES, em parceria com uma empresa chinesa. A expectativa é iniciar a vacinação com esse novo imunizante em 2026.Outro tema de destaque foi a saúde mental, especialmente os impactos do vício em jogos e apostas eletrônicas. Padilha classificou o problema como uma nova emergência de saúde pública. “Eu classifico como uma nova emergência de saúde pública”, disse.

Ele explicou o funcionamento da plataforma de autoexclusão, disponível desde 10 de dezembro, que permite ao cidadão bloquear o acesso a apostas e publicidade do setor por meio do Meu SUS Digital.O ministro ressaltou ainda a integração entre os ministérios da Saúde e da Fazenda para identificar comportamentos de risco e ampliar o atendimento na rede pública. “Isso permite que a gente possa acionar o agente comunitário de saúde daquele município, para a equipe de atenção primária fazer uma formação específica naquela equipe, identificar onde está essa pessoa, oferecer o teleatendimento”, afirmou.

Padilha fez um apelo aos familiares e pessoas próximas para que ofereçam apoio a quem enfrenta o problema. “É muito difícil a pessoa enfrentar sozinho esse problema. Então ela precisa de um apoio”, destacou.Ao projetar 2026, Alexandre Padilha afirmou que a redução do tempo de espera no SUS seguirá como eixo central da política de saúde. “É uma prioridade absoluta pra nós”, disse. Além disso, ele citou a reestruturação da atenção primária nas Unidades Básicas de Saúde e os investimentos para adaptar o sistema público aos impactos das mudanças climáticas, por meio do programa Adapta SUS, que prevê mais de R$ 9 bilhões para novas unidades e hospitais resilientes.

Com uma agenda ampla e foco na integração do sistema, o Ministério da Saúde aposta na continuidade dos mutirões, na ampliação do acesso a especialistas e no fortalecimento da prevenção como caminhos para consolidar os avanços alcançados e responder aos desafios do próximo ano.

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