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Michelle não estava em casa quando PF prendeu Bolsonaro

Ex-primeira-dama soube da prisão ao amanhecer e publicou salmo enquanto PF cumpria ordem de Alexandre de Moraes em Brasília

Michelle não estava em casa quando PF prendeu Bolsonaro

247 - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava em casa às seis da manhã deste sábado (22), momento em que a Polícia Federal cumpriu a ordem de prisão preventiva contra seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Segundo o relato divulgado, a medida foi executada nas primeiras horas do dia, como parte de operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em caráter cautelar.

De acordo com reportagem da Revista Fórum, assim que foi informada da prisão, Michelle recorreu às redes sociais para publicar um versículo bíblico em forma de salmo, enfatizando confiança na proteção divina. Ela escreveu: "¹ Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro.² O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra.³ Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.4 Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.5 O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.6 O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.7 O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.8 O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre".

Prisão preventiva e decisão do STF

A prisão de Jair Bolsonaro foi classificada como preventiva, a pedido da própria Polícia Federal, e não decorre de cumprimento de pena já transitada em julgado. Trata-se de uma medida cautelar autorizada por Alexandre de Moraes, no âmbito do STF, com base na necessidade de garantir a ordem pública.

Entre os elementos considerados, segundo informações da PF, está a convocação de uma vigília em frente à residência do ex-presidente, marcada para a noite deste sábado (22) pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho. A avaliação das autoridades é de que o ato poderia provocar tumultos e transtornos na região, o que pesou na decisão pelo encarceramento preventivo.

Após ser detido, Bolsonaro foi levado em comboio para a Superintendência da Polícia Federal, onde ficará em uma sala de Estado — espaço reservado para ex-chefes de Poder e autoridades de alta patente. Equipes do Instituto Médico-Legal (IML) foram deslocadas até o local para a realização do exame de corpo de delito, com o objetivo de cumprir o protocolo legal e, ao mesmo tempo, evitar exposição desnecessária do ex-presidente.

Em nota oficial, a Polícia Federal confirmou o cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal. O comunicado registra textualmente: "A Polícia Federal cumpriu neste sábado (22/11), em Brasília/DF, um mandado de prisão preventiva em cumprimento a decisão do Supremo Tribunal Federal".

Justificativa: ordem pública e risco de transtornos

A autoridade policial informou que a prisão preventiva foi utilizada com fundamento na preservação da ordem pública, uma das hipóteses legais para adoção desse tipo de medida. De acordo com a PF, esse instrumento costuma ser acionado em situações graves, como suspeita de plano de fuga ou risco de desdobramentos que possam comprometer a segurança e o andamento das investigações.

No caso específico, a possibilidade de aglomeração em vigília diante da casa de Bolsonaro foi considerada um fator relevante, pela capacidade de gerar desordem no entorno e elevar a tensão política e social em torno do episódio.

De prisão domiciliar à nova ordem de custódia

Antes da decisão deste sábado (22), Jair Bolsonaro já estava em prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, por determinação anterior de Alexandre de Moraes. A medida foi imposta após o ministro apontar descumprimento de cautelares, com o ex-presidente recorrendo às redes sociais de aliados — incluindo as de seus três filhos parlamentares — para difundir mensagens com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.

A nova ordem de prisão preventiva, porém, não está diretamente vinculada à condenação imposta pelo STF em outro processo. Em setembro, o Supremo condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, sentença que permanece em fase de recursos e ainda não teve trânsito em julgado. A custódia decretada neste sábado opera em paralelo a essa ação, com base em fatos e fundamentos específicos relacionados à ordem pública.

Estratégia da defesa e alegações de saúde

Na sexta-feira (21), véspera da prisão, a defesa de Bolsonaro apresentou petição a Alexandre de Moraes pedindo a substituição do regime inicial fechado por prisão domiciliar humanitária. Os advogados sustentam que o ex-presidente vive um “quadro clínico grave”, com “múltiplas comorbidades”, e argumentam que eventual transferência para o sistema prisional comum representaria “risco concreto à vida”.

A defesa afirmou ainda que pretende recorrer da condenação imposta pelo STF, mas insistiu na urgência de uma medida humanitária que permitisse a permanência de Bolsonaro em casa enquanto o processo não for concluído. A decisão final sobre esse pedido, no entanto, não havia sido vinculada à ordem de prisão preventiva, que foi adotada com base em outro contexto e outros elementos apresentados pela Polícia Federal ao Supremo.

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