Mônica Bergamo, da Folha, diz que Moraes também teria procurado a PF sobre o caso Master
Coluna relata que rumores em Brasília apontam interesse atribuído ao ministro do STF no andamento das investigações da Polícia Federal sobre o Banco Master
247 - A jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, trouxe novos elementos ao caso que envolve o ministro Alexandre de Moraes e o Banco Master. Segundo ela, banqueiros e autoridades de Brasília relatam que o magistrado teria demonstrado interesse não apenas em decisões do Banco Central relacionadas à instituição financeira, mas também no andamento das investigações conduzidas pela Polícia Federal.
De acordo com a coluna, essas informações estariam circulando entre integrantes do sistema financeiro e autoridades federais, que afirmam ter ouvido de membros da própria PF que Alexandre de Moraes teria manifestado atenção especial ao caso. O assunto, ainda segundo o texto, já teria chegado à cúpula da corporação policial.
O contexto envolve a atuação do Banco Master, cujo presidente, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal em novembro, e a posterior liquidação da instituição pelo Banco Central. O episódio ganhou maior repercussão após reportagens apontarem possíveis pressões relacionadas à tentativa de venda do banco ao Banco de Brasília (BRB).
A situação também passou a ser analisada sob a ótica de eventuais conflitos de interesse, já que Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal, atua como advogada do Banco Master. Reportagem do jornal O Globo revelou que o escritório dela firmou contrato de R$ 129 milhões com a instituição financeira.
Nesta semana, a colunista Malu Gaspar, também de O Globo, publicou reportagem afirmando que Alexandre de Moraes teria pressionado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em defesa de interesses do Banco Master. Segundo o texto, o ministro teria feito ao menos três ligações telefônicas questionando o andamento da operação de venda do banco ao BRB, além de participar de uma reunião presencial.
Alexandre de Moraes nega qualquer tipo de pressão. Em nota divulgada pelo Supremo Tribunal Federal, o ministro afirmou que os contatos mantidos com o presidente do Banco Central trataram exclusivamente das sanções impostas a ele pela Lei Magnitsky. O comunicado sustenta que “inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”, e afirma ainda que o escritório de advocacia de sua esposa “jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”.
Na íntegra da nota, o ministro declarou: “O Ministro Alexandre de Moraes esclarece que realizou, em seu gabinete, duas reuniões com o Presidente do Banco Central para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnistiky. A primeira no dia 14/08, após a primeira aplicação da lei, em 30/08; e a segunda no dia 30/09, após a referida lei ter sido aplicada em sua esposa, no dia 22/09. Em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente à aquisição do BRB pelo Banco Master. Esclarece, ainda, que jamais esteve no Banco Central e que inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto. Por fim, esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”.
O Banco Central confirmou apenas que houve encontro entre Galípolo e Alexandre de Moraes para tratar das sanções internacionais, sem esclarecer se outros temas foram abordados na ocasião.
Ao ser questionado sobre os relatos mencionados na coluna, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, negou que Alexandre de Moraes tenha procurado a corporação ou demonstrado interesse no andamento das investigações sobre o Banco Master, afirmando que a informação não procede.



