Negociação entre Lula e Trump levou à retirada de sanções contra Moraes, afirma chanceler
Mauro Vieira diz que diálogo direto entre Brasil e EUA foi decisivo para revogação da Lei Magnitsky aplicada ao ministro do STF
247 - A retirada das sanções da Lei Magnitsky impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi resultado de uma articulação diplomática conduzida diretamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A avaliação foi apresentada ao SBT News pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao comentar a decisão anunciada na última sexta-feira (15), após pouco mais de quatro meses de vigência das punições.
Mauro Vieira detalhou os bastidores da negociação e atribuiu a revogação das sanções ao diálogo pessoal entre os dois chefes de Estado durante uma agenda internacional na Malásia. “A retirada das sanções da Lei Magnitsky contra um juiz da Suprema Corte é resultado de uma negociação e de uma conversa estabelecida pelo presidente Lula, pessoalmente, quando se encontrou com ele [Trump] na Malásia”, afirmou Mauro Vieira.
O ministro acrescentou que, durante a conversa, Lula reforçou a disposição do Brasil em manter canais abertos de negociação com Washington, mas estabeleceu limites claros quanto à condução do diálogo bilateral. “[Ele] deixou claro que o Brasil está pronto e aberto a negociar sempre com os EUA sobre temas de interesse bilateral [...], mas que nós não podíamos negociar com base em declarações políticas, sobre a política interna no Brasil, e sobre dados referentes ao comércio bilateral que não correspondiam à verdade”, completou o chanceler.
Apesar da revogação das sanções contra Alexandre de Moraes, outras medidas restritivas adotadas pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras seguem em vigor. Em agosto, o Departamento de Estado norte-americano cancelou os vistos de integrantes do governo brasileiro envolvidos na implementação do programa Mais Médicos, além de revogar os vistos da esposa e da filha de 10 anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT).
Questionado sobre a possibilidade de essas sanções também serem revertidas, Mauro Vieira afirmou que o tema está incluído na agenda de negociações conduzida por Lula, mas evitou estabelecer prazos ou antecipar resultados.
Ele disse que não há uma previsão de quando essas novidades poderiam ser anunciadas, visto que dependem do ritmo das negociações.
A posição do Itamaraty indica que o governo brasileiro aposta na diplomacia direta e no diálogo de alto nível como estratégia para superar entraves recentes na relação com os Estados Unidos e preservar a soberania das instituições nacionais.



