PGR vê contradições em provas da PF contra Weverton Rocha
Procuradoria aponta fragilidade das provas e vê inconsistências na investigação sobre suposto papel do senador no esquema
247 - A investigação sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) envolvendo o senador Weverton Rocha (PDT-MA) expôs divergências relevantes entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal (PF). Para a cúpula do Ministério Público Federal (MPF), os elementos reunidos até o momento não permitem afirmar com segurança o grau de envolvimento do parlamentar no esquema. As informações são da CNN Brasil.
Na avaliação da PGR, há inconsistências na forma como a PF descreve a atuação do senador, o que fragiliza o conjunto probatório.
Segundo o entendimento da PGR, “há mais dúvidas do que certezas” sobre o papel atribuído a Weverton Rocha. O órgão ressalta que a própria Polícia Federal apresenta versões divergentes ao longo da investigação, ora apontando o senador como líder e comandante do esquema, ora reduzindo sua participação a um suposto uso de influência política, sem comprovação de comando direto.
No parecer enviado ao STF, a Procuradoria destacou que essa oscilação compromete a solidez das acusações. “Ora atribui posição liderança e comando sobre o esquema, ora relativiza essa premissa, admitindo cuidar-se apenas de influência”, registra a manifestação da PGR, ao avaliar os argumentos apresentados pela PF.
Com base nessa leitura, a Procuradoria se posicionou contra a adoção de medidas mais severas solicitadas pela Polícia Federal, como a prisão preventiva e a realização de buscas. Para a PGR, o cenário probatório não justificaria providências dessa natureza naquele estágio do processo.
O ministro André Mendonça, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, concordou com a avaliação de que a prisão preventiva seria uma medida excessiva diante das evidências apresentadas. Ele classificou a iniciativa como “desaconselhável” no momento e ressaltou a necessidade de cautela. “Cuida-se de provimento judicial que exige extrema cautela”, escreveu o ministro. Apesar disso, Mendonça autorizou a realização de diligências de busca solicitadas no inquérito.
A Polícia Federal sustenta que o senador seria um “sócio oculto” das operações financeiras montadas pela organização criminosa investigada, figurando como beneficiário final de recursos desviados do INSS. A tese, no entanto, é contestada pela defesa do parlamentar, que aponta a ausência de provas diretas.
Weverton Rocha nega qualquer participação no esquema e afirma que não há elementos concretos que o vinculem às irregularidades. “Relações profissionais de terceiros não podem ser usadas para me imputar responsabilidade sem fatos concretos”, declarou o senador, que atualmente ocupa a função de vice-líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado Federal.



