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Presidência do Brasil no Mercosul impulsionou integração entre países do bloco e negociações externas, diz Itamaraty

Itamaraty destaca integração intrabloco e expectativa por acordo com a União Europeia

Presidente Lula durante sessão Plenária da Cúpula de Presidentes e Chefes de Delegação do Mercosul (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

247 - A presidência do Brasil no Mercosul teve como eixo central o aprofundamento da integração entre os países-membros e a intensificação das negociações comerciais com parceiros externos. O balanço foi divulgado após a reunião de cúpula realizada em 20 de janeiro, em Foz do Iguaçu, e aponta uma agenda marcada por iniciativas voltadas ao fortalecimento do bloco e à ampliação de sua presença internacional.

As informações constam de comunicado do Ministério das Relações Exteriores (MRE), divulgado no sábado (20), que apresentou um resumo das principais decisões e avanços alcançados durante o período em que o Brasil esteve à frente do Mercosul.

Integração regional como prioridade

Segundo o Itamaraty, a gestão brasileira priorizou a coesão intrabloco e imprimiu maior dinamismo às negociações com parceiros de fora da região. O documento destaca que houve um “marcado dinamismo nas negociações extrarregionais”, refletindo a estratégia de ampliar o alcance econômico e político do Mercosul.

Impasse e expectativa no acordo com a União Europeia

No que diz respeito à relação com a União Europeia, o comunicado informa que o Mercosul concluiu todos os seus procedimentos internos para a assinatura do Acordo de Parceria entre os dois blocos. No entanto, a formalização não ocorreu devido à falta de consenso político no âmbito das instâncias comunitárias europeias.

“O Mercosul concluiu os procedimentos internos para a assinatura do Acordo de Parceria com a União Europeia, que não pôde ser concretizado em razão da ausência de consenso político nas instâncias comunitárias europeias”, afirma o texto oficial. O MRE acrescenta que “espera-se que a UE possa concluir seus trâmites internos, para que o acordo possa ser finalmente assinado”.

Avanços setoriais e novas frentes de negociação

A presidência brasileira também registrou progressos em áreas específicas dentro do bloco. De acordo com o comunicado, avançaram as negociações para viabilizar um acordo comum no setor automotivo e foram concluídos os termos de referência para a contratação de um estudo sobre o setor sucroalcooleiro no Mercosul.

Durante a cúpula em Foz do Iguaçu, foi anunciado o início de negociações para um acordo comercial com o Vietnã, além de tratativas para o estabelecimento de uma parceria estratégica com o Japão. O encontro também resultou na assinatura de um acordo de cooperação voltado ao fortalecimento do combate ao tráfico de pessoas.

Mercosul amplia comércio e investimentos

O balanço do Itamaraty ressalta ainda a evolução econômica do Mercosul desde sua criação, em 1991. O comércio intrabloco se multiplicou por mais de dez vezes ao longo das últimas décadas, alcançando US$ 49 bilhões em 2024.

O documento destaca que o Mercosul se consolidou como o principal destino de investimentos estrangeiros na região, concentrando 62,1% dos fluxos direcionados à América do Sul. Além disso, menciona avanços em outras frentes de negociação comercial, como o relançamento das conversas com o Canadá e progressos relevantes nas tratativas com os Emirados Árabes Unidos, reforçando a estratégia de diversificação de parcerias do bloco.

Leia a íntegra do comunicado do Ministério das Relações Exteriores. 

"Foi realizada hoje, 20 de dezembro, em Foz do Iguaçu, a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do MERCOSUL e Estados Associados. O encontro, precedido pela 67ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão decisório de nível ministerial do bloco, marcou o encerramento da Presidência Pro Tempore do Brasil (PPTB), exercida no segundo semestre de 2025, e o início da presidência de turno do Paraguai.

Na Cúpula, foram adotadas Declarações Especiais sobre a Proteção da Infância e da Adolescência em Ambientes Digitais; sobre a Questão das Ilhas Malvinas; sobre o Marco de Parceria Estratégica entre o MERCOSUL e o Japão; e sobre o Lançamento de Negociações com vistas a um Acordo de Comércio Preferencial entre o MERCOSUL e o Vietnã, além do Comunicado Conjunto dos Estados Partes. No âmbito do CMC, foi firmado o Acordo MERCOSUL de Cooperação para o Fortalecimento da Luta contra o Tráfico de Pessoas.

A PPTB priorizou o aprofundamento da integração intrabloco. Avançou-se nas negociações para viabilizar um acordo comum no setor automotivo e concluíram-se os termos de referência para contratação de estudo sobre o setor sucroalcooleiro no bloco. Registraram-se, igualmente, progressos nas tratativas para a renovação do Fundo de Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM).

Registrou-se marcado dinamismo nas negociações extrarregionais no período. Além da assinatura do Acordo MERCOSUL–EFTA, ocorrida em setembro, o bloco relançou negociações com Canadá e estabeleceu marcos concretos para o avanço das tratativas com Vietnã, Japão e Índia. Também foram alcançados progressos relevantes nas negociações com os Emirados Árabes Unidos. O MERCOSUL concluiu os procedimentos internos para a assinatura do Acordo de Parceria com a União Europeia, que não pôde ser concretizado em razão da ausência de consenso político nas instâncias comunitárias europeias. Espera-se que a UE possa concluir seus trâmites internos, para que o Acordo possa ser finalmente assinado.

Desde a criação do MERCOSUL, em 1991, o comércio intrabloco multiplicou-se por mais de dez vezes, alcançando US$ 49 bilhões em 2024. O bloco é o principal receptor de investimentos estrangeiros na região, tendo recebido 62,1% dos fluxos dirigidos à América do Sul."