Relação entre Lula e Motta deve entrar em nova fase em 2026, dizem aliados
Aliados articulam reaproximação entre Câmara e Planalto, apostando em previsibilidade legislativa e alianças eleitorais no próximo ciclo político
247 - A relação entre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha para uma fase de distensão após um período marcado por conflitos e acordos frustrados. Nos bastidores de Brasília, a avaliação de aliados de ambos os lados é de que o cenário eleitoral de 2026 impõe uma reaproximação entre os chefes dos Poderes, com esforços concentrados na redução de ruídos e na reconstrução da confiança política. As informações são da CNN Brasil.
Após a votação do Projeto de Lei da Dosimetria, aliados de Hugo Motta passaram a atuar para conter novas tensões e inaugurar um novo momento na relação entre Câmara e Executivo, acionando o que foi descrito como um “modo bombeiro” para esfriar os ânimos.
Nesse processo, figuras próximas ao governo federal e ao presidente da Câmara ganharam protagonismo. O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), ambos aliados de Motta, têm trabalhado para evitar novos confrontos e alinhar expectativas entre os Poderes. O movimento começou a produzir efeitos concretos com a indicação do deputado Gustavo Feliciano (União Brasil-PB) para o Ministério do Turismo, nome considerado próximo ao presidente da Câmara. O acerto, segundo interlocutores, foi selado após uma conversa direta entre Hugo Motta e Lula.
Nos bastidores, a leitura predominante é de que a retomada da confiança passa por maior previsibilidade na pauta legislativa e por menos surpresas para o Planalto. Para 2026, a Câmara dos Deputados deve concentrar esforços na Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública e no Projeto de Lei Antifacção, com o compromisso de manter o texto já aprovado pelo Senado. Também deve entrar no radar a PEC que propõe o fim da escala de trabalho 6x1, uma demanda de setores governistas.
A mudança de postura ficou evidente em declaração recente de Hugo Motta a jornalistas. Ao comentar o relacionamento com o Executivo, o presidente da Câmara afirmou que o respeito institucional foi preservado e sinalizou um ambiente menos conflagrado. Segundo ele, o respeito ao presidente da República “não se perdeu” e a relação com o governo estaria “estabilizada”.
O gesto contrasta com o histórico recente de embates entre Câmara e Planalto ao longo de 2025. O período foi marcado por divergências sobre a condução de pautas sensíveis e por acordos que, na avaliação de interlocutores do governo, não avançaram conforme o combinado. Houve momentos de maior tensão durante a crise envolvendo o IOF, além de impasses relacionados ao PL Antifacção e, mais recentemente, ao PL da Dosimetria. Integrantes do Palácio do Planalto chegaram a acusar Hugo Motta de não pactuar previamente o encaminhamento dessas matérias ou de descumprir entendimentos firmados.
Apesar desse cenário, aliados tanto do presidente da Câmara quanto do governo federal avaliam que as eleições de 2026 funcionam como um fator de convergência. Na Paraíba, Hugo Motta atua para viabilizar a candidatura do pai, Nabor Wanderley (Republicanos), atual prefeito de Patos, ao Senado Federal. A percepção entre aliados é de que Lula, que mantém bom desempenho eleitoral no estado, pode ter papel relevante na construção dessa candidatura, reforçando a lógica de aproximação política entre os dois líderes.



