Renan Calheiros critica "terrorismo dos privilegiados" e celebra isenção do IR até R$ 5 mil
Relator da lei no Senado ainda destacou “semana histórica e pedagógica” para o país, um dia após a prisão de Bolsonaro
247 - O evento que marcou a sanção da lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil mensais contou, nesta quarta-feira (26), com um discurso enfático do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da proposta no Senado. As declarações, feitas durante a cerimônia oficial, reforçaram o caráter simbólico da medida e a avaliaram como um marco no processo de correção das distorções tributárias do país.
Segundo o parlamentar, que discursou no ato de sanção, um dia após a prisão definitiva de Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe de Estado, o Brasil vive “uma semana histórica, pedagógica para a democracia, para as instituições e, principalmente, para a sociedade brasileira”. Renan situou a aprovação da nova regra em um contexto mais amplo de estabilidade institucional e retomada de políticas sociais.
O senador iniciou sua fala destacando sua ligação com Alagoas. “Quis o destino, por força da vontade do povo de Alagoas, que eu aqui estivesse para representá-lo. É um estado sofrido, de uma gente honrada, resistente e vem conseguindo progressos robustos e reduzindo as desigualdades socioeconômicas”, afirmou, ressaltando que o avanço social do país também ocorre por meio de “revoluções silenciosas”.
Renan revisitou momentos de sua trajetória política, citando o Bolsa Família, a política de valorização real do salário mínimo e a extensão de direitos trabalhistas às empregadas e empregados domésticos. Ele recordou que, em todas essas ocasiões, enfrentou resistências da elite econômica. “Em todos os momentos históricos que me referi a elite foi sempre reativa, disseminando profecias apocalípticas sobre os efeitos devastadores na economia. Puro terrorismo dos privilegiados, que sempre apostam no pânico para não mudar nada no país”, declarou.
O senador afirmou sentir-se novamente honrado por contribuir para o avanço representado pela nova lei: “Agora novamente me sinto honrado por ter contribuído para uma nova revolução: o Imposto de Renda zero”. Ele destacou que, para muitos trabalhadores, a mudança funcionará na prática como “um 14º salário”, ao gerar um ganho médio anual estimado em R$ 3,5 mil — recurso com potencial de aliviar dívidas, estimular o consumo e fortalecer o orçamento familiar.
Renan também apontou que o sistema tributário brasileiro historicamente penalizava os mais pobres. “Quando o pobre, o trabalhador, o assalariado ia ao mercado para comprar um 1 kg de feijão, de farinha, de chá, ele pagava o mesmo imposto que o rico paga. Mas quando chegava no Imposto de Renda, aí o assalariado, o pobre, pagava 27,5% do que ganhava e o rico, milionário, bilionário, não pagava nada ou quase nada”, afirmou. Para ele, a lei sancionada “é o primeiro grande passo que se dá no rumo da justiça tributária”.
Em tom crítico, o parlamentar ainda alertou sobre a necessidade de evitar distorções no uso dos recursos poupados com a isenção: “Só torço, sinceramente, que este dinheirinho do trabalhador não vá para jogatina. A jogatina, que se esquiva com padrinhos poderosos, mas que precisa e vai pagar imposto”.
A iniciativa sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelece isenção para rendas de até R$ 5 mil e reduz a carga tributária para quem ganha até R$ 7.350. As novas regras entram em vigor já na próxima declaração de Imposto de Renda, beneficiando milhões de trabalhadores e reforçando o debate sobre justiça fiscal no país.



