Tebet pede apoio de bancos para destravar reformas e reduzir gastos públicos
Ministra diz que bancos podem ajudar a pressionar o Congresso por cortes de gastos
247 - A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reforçou, nesta segunda-feira (24), o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e com a busca por um equilíbrio entre expansão econômica e controle inflacionário. As declarações foram feitas durante o almoço anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
No encontro, cuja cobertura original foi publicada pelo Broadcast (Agência Estado), Tebet afirmou que o Executivo tentou, ao longo dos últimos três anos, avançar em medidas de contenção de despesas, mas enfrentou forte resistência de grupos de pressão no Congresso. Segundo ela, “no quesito das reformas fiscais, nós andamos muito mais lentamente do que precisávamos. Mas, nesse quesito, é importante compartilhar as responsabilidades. O Poder Executivo tentou. Muitas vezes tivemos lobbies que impediram [o Executivo] e outros poderes de que pudéssemos avançar mais”.
A ministra destacou ainda que o próprio mercado financeiro pode ter papel ativo na negociação política para cortes de gastos, especialmente no que diz respeito a renúncias tributárias e isenções fiscais. “E aqui entram vocês, agentes do mercado, que vocês possam ser parceiros do Brasil, como muitos já são, levando a palavra não só para dentro do Poder Executivo, mas para dentro do Congresso Nacional”, afirmou.
Tebet também rechaçou a ideia de que o país precise conter o crescimento econômico por receio de pressões sobre os preços. Em sua avaliação, “o que precisamos é criar condições para um crescimento justo e sustentável. E não temos que ter medo de falar em controle dos gastos públicos e responsabilidade fiscal”.
Ao defender maior rigor no planejamento orçamentário, ela citou experiências de países asiáticos, que, segundo disse, estruturam metas de médio e longo prazo baseadas em dados e indicadores. “Gastar muito é ruim, mas gastar mal é pior ainda”, observou, defendendo investimentos em ciência, tecnologia e inovação, acompanhados da eliminação de despesas consideradas “ruins”.
Tebet também afirmou que o Brasil encerra 2025 em condições melhores que as projetadas no início do ano, mesmo com obstáculos como o elevado patamar dos juros. A ministra ainda disse que o PIB potencial do país precisa ser revisto, já que, em sua avaliação, não está mais limitado ao patamar de 1,5%.



