Votação de Gonet no Senado não é termômetro para sabatina de Messias, diz Jaques Wagner
Líder do governo no Senado diz que reação à denúncia contra Bolsonaro explica votos contra recondução de Gonet
247 - O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), minimizou, nesta segunda-feira (17), o impacto da votação apertada que reconduziu Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o futuro de uma possível indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para o senador, o resultado no plenário não deve ser interpretado como um sinal de dificuldade para o advogado-geral da União em uma eventual sabatina no Senado.
Jaques Wagner afirma que a resistência enfrentada por Gonet teve características próprias e não pode ser usada como parâmetro para outros nomes do governo em futuras indicações.
Na avaliação do líder governista, o desempenho mais fraco de Paulo Gonet em relação à sua primeira votação, em 2023, está diretamente ligado à denúncia apresentada pelo procurador-geral contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fato que teria mobilizado a oposição. Gonet recebeu, na semana passada, 20 votos a menos do que no ano anterior, o que acendeu alertas em setores de Brasília sobre a capacidade de articulação do governo no Senado.
Jaques Wagner, porém, insistiu em separar os cenários e atribuiu o revés relativo de Gonet à reação dos aliados de Bolsonaro. “A votação do Gonet é muito diferente da eleição do Messias. Na eleição do Gonet, havia um grupo forte de oposição a ele pelo fato de ele ter feito a denúncia ao ex-presidente. Então, era óbvio que eles iam puxar”, avaliou o senador, indicando que a mobilização contrária tinha caráter pontual e direcionado ao atual chefe do Ministério Público Federal.
Segundo o líder do governo, Jorge Messias não enfrenta, hoje, a mesma resistência entre os senadores. Ele afirmou não identificar focos de atrito em torno do nome do advogado-geral da União na Casa. “No caso do Messias, eu não vejo ele arestado com nenhum segmento aqui do Senado”, frisou Jaques Wagner, ao tentar afastar a leitura de que o resultado de Gonet antecipa um ambiente hostil para futuras indicações ao STF.
Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não tenha oficializado a indicação de Jorge Messias para a vaga que será aberta com a saída do ministro Luís Roberto Barroso, aliados do governo consideram o movimento praticamente certo. Nos bastidores, a avaliação é de que o Planalto tende a consolidar o nome do atual advogado-geral da União para a Suprema Corte, mantendo um perfil técnico e alinhado ao governo.
Jaques Wagner também comentou as articulações em torno de outro nome em discussão: o do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). De acordo com o líder governista, Lula deve se reunir com Pacheco ainda nesta semana para tratar do tema. O senador mineiro é o preferido do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para ocupar a cadeira de Barroso no STF, o que o coloca no centro das negociações entre o Palácio do Planalto e o comando do Congresso.
O presidente Lula, no entanto, defende que Rodrigo Pacheco dispute o governo de Minas Gerais nas eleições do próximo ano, movimento que poderia fortalecer a base aliada em um dos maiores colégios eleitorais do país.



