HOME > Economia

Alckmin diz confiar em negociações com os EUA, mas alerta: “não depende só de nós”

Vice-presidente diz que reduções tarifárias devem ocorrer gradualmente e defende ajuste fiscal para consolidar melhora econômica

O vice-presidente Geraldo Alckmin - 28/08/2025 (Foto: Henry Romero/Reuters)

247 - O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o processo de reversão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros está em andamento e deve avançar de forma gradual. As declarações foram feitas em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, no programa ReConversa, exibido no YouTube.

Segundo Alckmin, o total de bens brasileiros ainda atingidos pelas sobretaxas caiu de 36% para 22%, resultado que ele considera um sinal de evolução nas negociações com o governo norte-americano, atualmente liderado pelo presidente Donald Trump. “Essas coisas não dependem de nós. Se dependesse de nós, era 100% para resolver. Eu acredito que vai passo a passo”, afirmou. Para ele, “Eles [americanos] estão tirando [tarifas] em etapas. Eu diria que as próximas etapas vão ser positivas”.

O vice-presidente destacou que a redução das barreiras pode favorecer a competitividade da indústria brasileira, especialmente em um momento em que o governo espera um ambiente econômico mais favorável. Ele observou que a expectativa de corte na Selic ganha força e deve influenciar diretamente o setor produtivo. “Eu estou confiante na questão dos juros, porque a indústria é a mais afetada pela taxa de juros muito alta. (...) Acredito que vai começar a cair a taxa de juros, se não agora, na próxima reunião”, disse, em referência ao encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) previsto para esta semana.

Alckmin citou fatores que podem estimular um ciclo de recuperação, como a desvalorização do dólar, condições climáticas favoráveis e a supersafra agrícola, que vêm contribuindo para desacelerar os preços. “Os juros caindo, a economia floresce mais rápido”, afirmou.

Na avaliação do vice-presidente, o País vive um momento raro na combinação de indicadores. “Nós estamos num momento importante, porque quando a inflação está baixa, o desemprego está alto; quando o desemprego está baixo, a inflação está alta. Nós estamos neste momento com 5,4% de desemprego, o menor da série histórica, e com 4,4% de inflação, caindo, isso é raro”, observou.

Apesar da melhora, Alckmin reforçou que o governo precisa intensificar o controle de gastos. “Claro que a gente não deve ficar em berço esplêndido, não. Nós temos que fazer um esforço fiscal maior, a questão das despesas, mas eu diria que o cenário é um cenário positivo”, disse.

Ele também rebateu críticas direcionadas à política fiscal da gestão atual, lembrando o déficit acumulado na administração anterior, comandada por Jair Bolsonaro (PL). “Muita gente que critica a questão fiscal do atual governo não vê os déficits feitos pelo governo anterior. O governo do nosso Paulo Guedes, o ‘Chicago boy’, conseguiu fazer um déficit de 9,7%”, afirmou. Para Alckmin, é essencial retomar o equilíbrio das contas públicas: “Nós temos que começar a fazer superávit agora, para estancar o crescimento da dívida e depois ela começar a cair”.

 

Artigos Relacionados