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Traumann vê maior probabilidade de vitória de Lula no primeiro turno após entrada de Flávio Bolsonaro

Ex-ministro da Secom e colunista de Veja afirma que candidatura do senador bolsonarista fortalece cenário de reeleição do presidente Lula

04.12.2025 - Palácio Itamaraty - Brasília (DF) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 – A análise do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social e colunista da Revista Veja, Thomas Traumann, indica que a entrada do senador Flávio Bolsonaro na disputa presidencial de 2026 aumenta significativamente a probabilidade de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno. Os dados citados por Traumann têm como base a nova pesquisa Datafolha.

Segundo o levantamento, em votos válidos — desconsiderando brancos, nulos e indecisos — Lula aparece com 49%, dentro da margem de erro que o colocaria muito perto de definir a eleição já na primeira etapa caso Flávio Bolsonaro seja confirmado como candidato da oposição. Flávio registra 22%, seguido por Ratinho Junior (14%), Ronaldo Caiado (8%) e Romeu Zema (7%).

Segundo turno seria o mais desequilibrado desde 2006, aponta levantamento

Ainda de acordo com o Datafolha, caso Flávio Bolsonaro chegasse ao segundo turno, perderia por uma das maiores margens de votos desde a reeleição de Lula em 2006. Em votos válidos, o presidente teria 59%, contra 41% do senador.

Traumann ressalta que os números evidenciam a fragilidade eleitoral do sobrenome Bolsonaro. Segundo ele, simulações com Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro apresentam desempenho igualmente fraco contra Lula.

Desempenho muda quando bolsonarista é substituído por Tarcísio de Freitas

O cenário se altera quando o nome de Flávio é substituído pelo do governador Tarcísio de Freitas. Nesse caso, a disputa se torna mais apertada.

Primeiro turno:

  •  Lula — 49%
  •  Tarcísio — 27%
  •  Ratinho Junior — 13%
  •  Caiado — 7%
  •  Zema — 4%

Segundo turno:

  •  Lula — 53%
  •  Tarcísio — 47%

O governador do Paraná, Ratinho Junior, apresenta desempenho semelhante ao de Tarcísio em um eventual segundo turno contra Lula (54% x 46%), reforçando a avaliação de que o problema central para a oposição é o impacto negativo do nome Bolsonaro.

Crise no bolsonarismo e agenda de governo fortalecem Lula, avalia Traumann

Traumann sustenta que o “efeito tóxico” da família Bolsonaro se consolidou nos últimos meses, em meio a episódios que fragilizaram ainda mais o grupo político:

  •  Eduardo Bolsonaro atuou para que o governo Trump aplicasse ao Brasil o maior tarifaço do mundo.
  •  Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado.
  •  As manifestações bolsonaristas perderam força.
  •  A proposta de anistia não avançou no Congresso.
  •  Flávio Bolsonaro contribuiu para antecipar a prisão do pai.
  •  Os irmãos Bolsonaro protagonizaram disputas públicas internas.
  •  A candidatura de Flávio foi lançada por meio de uma nota no portal Metrópoles.

Enquanto isso, destaca Traumann, o governo Lula avança em políticas públicas com forte impacto social:

  •  Programa de gratuidade de luz e gás para 18 milhões de famílias.
  •  Isenção de imposto de renda para 20 milhões de contribuintes.
  •  Lançamento do maior programa habitacional para a classe média neste século.
  •  Ampliação do crédito Pé de Meia para todos os estudantes do ensino médio.
  •  Reajuste de 7,4% no salário mínimo em janeiro.
  •  Estudo para reajuste do Bolsa Família.
  •  Projeto piloto de gratuidade no transporte público aos finais de semana.
  •  Inclusão do fim da escala 6x1 como um dos eixos centrais do futuro programa de governo Lula 4.

Brasileiros priorizam vida cotidiana, e anistia a Bolsonaro vira “não assunto”

Traumann escreve que a pauta da anistia a Jair Bolsonaro “não mobiliza mais o país”, enquanto a população demonstra preocupação com temas como pagar contas, enfrentar longos deslocamentos diários e o medo constante da violência urbana.

Segundo o colunista, a candidatura de Flávio Bolsonaro funciona como um “presente de Natal” para Lula, ao cristalizar a rejeição acumulada pelo clã e enfraquecer a formação de uma frente de oposição competitiva.

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