Traumann vê maior probabilidade de vitória de Lula no primeiro turno após entrada de Flávio Bolsonaro
Ex-ministro da Secom e colunista de Veja afirma que candidatura do senador bolsonarista fortalece cenário de reeleição do presidente Lula
247 – A análise do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social e colunista da Revista Veja, Thomas Traumann, indica que a entrada do senador Flávio Bolsonaro na disputa presidencial de 2026 aumenta significativamente a probabilidade de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno. Os dados citados por Traumann têm como base a nova pesquisa Datafolha.
Segundo o levantamento, em votos válidos — desconsiderando brancos, nulos e indecisos — Lula aparece com 49%, dentro da margem de erro que o colocaria muito perto de definir a eleição já na primeira etapa caso Flávio Bolsonaro seja confirmado como candidato da oposição. Flávio registra 22%, seguido por Ratinho Junior (14%), Ronaldo Caiado (8%) e Romeu Zema (7%).
Segundo turno seria o mais desequilibrado desde 2006, aponta levantamento
Ainda de acordo com o Datafolha, caso Flávio Bolsonaro chegasse ao segundo turno, perderia por uma das maiores margens de votos desde a reeleição de Lula em 2006. Em votos válidos, o presidente teria 59%, contra 41% do senador.
Traumann ressalta que os números evidenciam a fragilidade eleitoral do sobrenome Bolsonaro. Segundo ele, simulações com Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro apresentam desempenho igualmente fraco contra Lula.
Desempenho muda quando bolsonarista é substituído por Tarcísio de Freitas
O cenário se altera quando o nome de Flávio é substituído pelo do governador Tarcísio de Freitas. Nesse caso, a disputa se torna mais apertada.
Primeiro turno:
- Lula — 49%
- Tarcísio — 27%
- Ratinho Junior — 13%
- Caiado — 7%
- Zema — 4%
Segundo turno:
- Lula — 53%
- Tarcísio — 47%
O governador do Paraná, Ratinho Junior, apresenta desempenho semelhante ao de Tarcísio em um eventual segundo turno contra Lula (54% x 46%), reforçando a avaliação de que o problema central para a oposição é o impacto negativo do nome Bolsonaro.
Crise no bolsonarismo e agenda de governo fortalecem Lula, avalia Traumann
Traumann sustenta que o “efeito tóxico” da família Bolsonaro se consolidou nos últimos meses, em meio a episódios que fragilizaram ainda mais o grupo político:
- Eduardo Bolsonaro atuou para que o governo Trump aplicasse ao Brasil o maior tarifaço do mundo.
- Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado.
- As manifestações bolsonaristas perderam força.
- A proposta de anistia não avançou no Congresso.
- Flávio Bolsonaro contribuiu para antecipar a prisão do pai.
- Os irmãos Bolsonaro protagonizaram disputas públicas internas.
- A candidatura de Flávio foi lançada por meio de uma nota no portal Metrópoles.
Enquanto isso, destaca Traumann, o governo Lula avança em políticas públicas com forte impacto social:
- Programa de gratuidade de luz e gás para 18 milhões de famílias.
- Isenção de imposto de renda para 20 milhões de contribuintes.
- Lançamento do maior programa habitacional para a classe média neste século.
- Ampliação do crédito Pé de Meia para todos os estudantes do ensino médio.
- Reajuste de 7,4% no salário mínimo em janeiro.
- Estudo para reajuste do Bolsa Família.
- Projeto piloto de gratuidade no transporte público aos finais de semana.
- Inclusão do fim da escala 6x1 como um dos eixos centrais do futuro programa de governo Lula 4.
Brasileiros priorizam vida cotidiana, e anistia a Bolsonaro vira “não assunto”
Traumann escreve que a pauta da anistia a Jair Bolsonaro “não mobiliza mais o país”, enquanto a população demonstra preocupação com temas como pagar contas, enfrentar longos deslocamentos diários e o medo constante da violência urbana.
Segundo o colunista, a candidatura de Flávio Bolsonaro funciona como um “presente de Natal” para Lula, ao cristalizar a rejeição acumulada pelo clã e enfraquecer a formação de uma frente de oposição competitiva.



